Personalidades do esporte e das artes investem na indústria da maconha

Jim Belushi, Whoopi Goldberg, Mike Tyson, Bob Burnquist e Damian Marley – cada vez mais famosos acreditam no potencial da economia canábica

Ilustração: Felipe Navarro

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A indústria canábica norte-americana não para de crescer. E um dos maiores protagonistas da cena tem sido Jim Belushi, eleito pela revista High Times uma das 100 personalidades canábicas do ano.

Famoso por suas atuações no cinema e televisão, o ator, músico e comediante de 64 anos se transformou em um ativista, ou melhor, um verdadeiro promotor da indústria da erva. Isso porque além de militar pela legalização, ele é um fazendeiro licenciado pelo estado de Oregon, autorizado a destinar sua plantação de maconha à produção de medicamentos.

Em visita a Colômbia, Jim foi convidado especial do evento ExpoCannabiz, que aconteceu entre 9 e 11 de maio em Cartagena. Durante a palestra, lembrou da capacidade de redução de danos que a maconha tem: “Se em 1970 soubéssemos o que sei hoje sobre a Cannabis, muita gente ainda estaria viva, inclusive meu irmão”, disse o astro. Seu irmão, John Belushi, faleceu aos 33 anos, no auge da carreira, vítima de uma overdose de cocaína e heroína.

Aproveitando a estadia, Jim Belushi compareceu também à Marcha da Maconha em Medellín. O evento levou cerca de 50 mil pessoas às ruas no dia 5 de maio. No site de sua fazenda é possível compreender a guinada de 420º que o ator deu em sua carreira.

Mas ele não é o único famoso que teve a ideia de investir dinheiro em árvores. Pelo contrário, posto que o clube de fumosos só cresce.


Maconha peso pesado

O eterno campeão mundial de boxe Mike Tyson investiu em uma plantação de maconha na Califórnia, junto a dois sócios. Chamado de “Rancho Tyson”, a fazenda ocupa cerca de 160 mil metros quadrados.

Além de plantas, o empreendimento conta com uma estação de extração, uma fábrica de produtos derivados da cannabis e um anfiteatro, utilizado para palestras e estudos sobre benefícios da maconha. O plano é que o rancho sirva também como uma escola para cultivadores de todo o mundo poderem ter informações sobre como produzir uma erva com o selo Mike de qualidade.

Maconha para mulheres

Outra personalidade da TV e do cinema que já resolveu investir no mercado da maconha legalizado é a atriz superpremiada Whoopi Goldberg. Em 2016 ela lançou uma linha de produtos medicinais femininos a base de cannabis.

A empresa ganhou o nome de “Whoopi & Maya”, já que é uma sociedade com Maya Elisabeth, investidora do ramo há mais tempo.

“Tudo isso é inspirado na minha própria experiência de toda uma vida de menstruações difíceis e do fato que a cannabis era, literalmente, a única coisa que me aliviava”, afirmou Goldberg, justificando o investimento.

Maconha para fumar e ler

O cantor Damian Marley é o sexto filho do rei de reggae. No fim de 2016, ele investiu em um projeto que visava transformar uma penitenciaria desativada em uma mega-estufa para cultivo de maconha. Além disso, o herdeiro de Bob Marley abriu uma loja de varejo da erva no Colorado, chamada “Stony Hill”.

Em meados de 2017, Damian se juntou a um grupo de investidores e desembolsou 70 milhões de dólares para garantir uma participação majoritária da revista High Times. O periódico foi fundado no verão de 1974, pelo jornalista Tom Forcade, também conhecido como Gary Goodson.

De acordo com o site oficial da revista, a receita total da empresa no último semestre foi perto de 9 milhões de dólares, sendo a maior parte dos ganhos relativa a festivais, eventos e competições do tipo Cannabis Cup.

Maconha para aliviar a dor

E é claro que tem muitos brasileiros investindo na indústria da maconha. Acredito que o mais famoso entre eles é o atual presidente da Confederação Brasileira de Skate, o multicampeão Bob Burnquist.

“Existem várias formas de usar o CBD, cremes, cápsulas e outras. Fumar é que estraga o pulmão. Eu não aconselharia” disse Bob, lembrando que a erva é culturalmente utilizada no esporte para tratar dores, além de forma recreativa. “Se eu usar opióides (como metadona, morfina), estou fodido. Vou viciar e acabar com o meu corpo. E o CBD é menos agressivo”, disse o atleta em entrevista a Carol Knoploch.

Desde que o skate virou uma modalidade olímpica, passou a ter exigência de exame antidoping. Bob luta contra essa prática, por considera-la inadequada à cultura e saúde do esporte.


Sem fazer apologia, mas quebrando um tabu da indústria farmacêutica, Bob defende a substituição de remédios mais pesados por derivados de maconha. “Prefiro que todos os atletas, não só do skate, usem cannabis e não opióides. Isso não é brincadeira. Muita gente está morrendo com uso exagerado de opióides. Estou começando uma empresa, de produtos à base de plantas, não só a cannabis, justamente por causa disso”, prometeu o atleta, que sempre fala sobre o assunto em sua conta do Instagram.

O Hempadão é um blog especializado em cultura canábica atuante desde 2009. Jornalismo e entretenimento com pitadas de poesia e informação. Saiba mais em https://hempadao.com/ ou fale conosco em redacao@hempadao.com.

 

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