Midiático

Um olhar crítico sobre mídia, imprensa, internet e cultura pop.

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A reforma ministerial e o comportamento de manada nas redes sociais

O governo “acaba” ou “ressuscita” toda semana no Twitter e no Facebook, ao sabor da pauta dos UOLs da vida

A presidenta na posse de Renato Janine Ribeiro, em abril deste ano. Ali, era a "Dilmãe"
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Dilma anuncia Levy: “O governo acabou antes de começar!”. Dilma anuncia Juca Ferreira: “Dilmãe!”. Cunha derruba Cid Gomes: “O governo acabou!”. Dilma anuncia Renato Janine Ribeiro na Educação: “Sensacional, valeu meu voto!”. Dilma tira Janine: “Nunca mais voto no PT!”.

O imediatismo, a ansiedade e a superficialidade das redes sociais produzem reações curiosas. Um mesmo grupo de pessoas oscila entre o amor e o ódio ao governo Dilma e seu partido  ao sabor das manchetes dos UOLs da vida com uma facilidade tremenda.

Agora é a reforma ministerial. Deixemos de lado o juízo de valor sobre a política tradicional de troca de cargos por apoios. Esta forma de governar vigora no Brasil e no mundo há séculos, e foi a tônica do governo Dilma desde o começo –bem como de todos os seus antecessores.

O PMDB é governo eleito. Michel Temer apareceu na urna eletrônica de todos os que digitaram 13 e confirma. O partido já têm um enorme espaço na esplanada, ampliado agora. Difícil comemorar mas, sinceramente, não há nada de novo no front. É mais do mesmo.

No termômetro das redes sociais, contudo, o paciente está sempre com febre. Lá, novamente, o governo Dilma “acabou”. Deve ser a vigésima vez que o tribunal do Facebook decretou esta morte.

Chama a atenção também como mesmo os mais bem intencionados acreditem piamente em toda narrativa divulgada, por exemplo, numa Folha, O Globo ou Estadão. Os três, entre tantos outros, tem um claro viés anti-Dilma e anti-PT. Se opõem às políticas públicas inovadoras do prefeito Fernando Haddad em São Paulo e constroem manchetes a partir de offs misteriosos, invariavelmente desmentidos –como a suposta demissão por telefone de Arthur Chioro, da Saúde. A Folha chegou a montar uma “editoria de impeachment” informal, reforçando seu quadro de jornalistas em Brasília para noticiar a queda da Dilma… antes dela acontecer.

Aqui, novamente, falo sem juízo de valor. Estamos em um país livre, cada pessoa ou veículo de comunicação defende o que quiser. Mas impressiona como o pessoal dá tanta credibilidade a esta turma ao acreditar em todos os detalhes das tais notícias e corre para gritar nas redes sociais a cada novo post dessas empresas.

Quem é o secretário estadual?

Gostaria de lembrar ainda do conforto dos políticos não-filiados ao PT. O amigo leitor que mora em São Paulo sabe, por exemplo, o nome do secretário de Educação do estado?

Ele se chama Herman Jacobus Cornelis Voorwald. É engenheiro mecânico e está no cargo há quase 5 anos, desde janeiro de 2011, quando o tucano Geraldo Alckmin reassumiu o governo.

Herman-Voorwald – Muito prazer, sou Herman Voorwald, secretário estadual de Educação de São Paulo desde 2011

Quantas reportagens ou entrevistas você já leu sobre Herman Voorwald? Você já tinha sequer lido ou ouvido este nome?

Quantas análises sobre a forma pela qual ele foi conduzido ao cargo você já leu? Você sabe o que ele fez ou deixou de fazer, ou quais são suas políticas para os milhões de estudantes paulistas? E como anda o orçamento de sua pasta? O salário dos professores é bom?

A não ser que você seja um professor da rede estadual paulista, provavelmente não sabe a resposta. A imprensa não noticia ou investiga sequer o governador, quanto mais seus secretários. Os não-filiados ao PT seguem livres dos olhos das grandes empresas de comunicação e do tribunal do Facebook, fazendo e desfazendo à vontade.

Vamos qualificar mais o debate ou seguir agindo como manada?

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