Dilma Rousseff tem a maior reprovação desde Collor, diz Datafolha

Segundo o Datafolha, a aprovação do governo é tão baixa quanto a de FHC após a desvalorização do real

Entre os entrevistados com renda até 2 salários mínimos, a reprovação ao governo Dilma chega a 60%

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No primeiro trimestre de seu segundo mandado, a presidenta Dilma Rousseff atingiu a mais alta reprovação a um governo desde setembro de 1992, quando o então presidente Fernando Collor de Mello estava às vésperas do impeachment, segundo pesquisa Datafolha publicada nesta quarta-feira 18.

De acordo com o instituto, 62% dos entrevistados acham o governo Dilma ruim ou péssimo. Em 1992, Collor atingiu 68% de rejeição. O instituto entrevistou 2.842 pessoas entre segunda e terça-feira, após as manifestações de 15 de março, que levaram milhares às ruas de algumas cidades do Brasil para protestar contra a corrupção. 24% dos entrevistados acham a gestão de Dilma regular e apenas 13% ótimo ou bom.

A aprovação de Dilma, a mais baixa desde que assumiu o Planalto, se aproxima dos índices alcançados por outros presidentes em momentos delicados dos seus mandatos. Itamar Franco (PMDB) alcançou 12% de aprovação em novembro de 1993, quando sofreu o desgaste do escândalo dos “anões do orçamento”, e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) atingiu os mesmos 13% de Dilma em setembro de 1999, diante da forte desvalorização do real. As reprovações alcançadas pelos presidentes, nessas ocasiões, foram 41% e 56%, respectivamente.

É a primeira vez que mais da metade dos entrevistados classifica como ruim a administração de Dilma. Até fevereiro deste ano, 44% desaprovavam sua gestão. Em março de 2013, meses antes das manifestações de junho, 65% achavam o governo Dilma ótimo ou bom, 27% regular e 7% ruim ou péssimo. A rejeição é maior no Centro-Oeste (75%) e no Sudeste (66%), nos municípios com mais de 200 mil habitantes (66%) e entre os que têm renda de 2 a 5 salários mínimos (66%), ainda segundo a pesquisa. Entre os entrevistados com renda até 2 salários mínimos, a reprovação chega a 60%. Em setembro de 2014, era 18%.

O instituto também avaliou a popularidade do Congresso, presidido pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL), ambos investigados na Operação Lava Jato. 50% dos entrevistados acham a atuação dos parlamentares ruim ou péssima e apenas 9% acreditam que seja ótima ou boa, uma aprovação pior do que a do Executivo. A pesquisa foi feita em 172 municípios e a margem de erro é de dois pontos percentuais.


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