Não adianta tirar Dilma, diz FHC

O ex-presidente não mostra empolgação com o impeachment e diz ver o sistema político "esgotado". Aloysio Nunes "quer sangrar" Dilma

FHC em sessão solene em comemoração aos 20 anos do Plano Real, em fevereiro de 2014: ele não quer salvar Dilma, mas diz que sua saída de nada adiantará

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Na próxima quarta-feira 11, a cúpula do PSDB se reúne para discutir qual será a postura oficial do partido diante das manifestações de domingo 15, quando diversos grupos vão à rua pedir o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Ao menos dois importantes caciques tucanos estão, ao menos publicamente, contrários à ideia de remoção da petista recém-eleita.

“Não adianta nada tirar a presidente”, afirmou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em evento no Instituto FHC, em São Paulo, segundo o Valor Econômico. O líder tucano fez o comentário com base em seu diagnóstico da política brasileira. “Se exauriu o modelo de presidencialismo de coalizão, que na verdade é um presidencialismo de cooptação. O sistema político está esgotado”, afirmou. Segundo Fernando Henrique, ele teria alertado Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre sua percepção em dezembro de 2013, quando foram juntos ao velório de Nelson Mandela. “Ninguém quis agir quando avisei”.

Apesar de contrário ao impeachment, FHC não parece disposto a participar de um acordo político para reduzir a tensão no País. No sábado, FHC divulgou por meio de sua página oficial no Facebook uma nota negando relatos de que estaria se aproximando de petistas para evitar a derrubada de Dilma. “O momento não é para a busca de aproximações com o governo, mas sim com o povo. Este quer antes de mais nada que se passe a limpo o caso do Petrolão: quer ver responsabilidades definidas e contas prestadas à Justiça. Qualquer conversa não pública com o governo pareceria conchavo na tentativa de salvar o que não deve ser salvo”, afirmou FHC no sábado 7.

Nesta quarta, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) também manifestou contrariedade ao impeachment. Sua justificativa é diferente da usada por FHC. Segundo o tucano, que foi vice de Aécio Neves (PSDB-MG) na chapa presidencial de 2014, o objetivo do partido deve ser enfraquecer o governo petista. “Não quero que ela saia, quero sangrar a Dilma, não quero que o Brasil seja presidido pelo Michel Temer (PMDB)”, disse ele segundo a Folha de S.Paulo.

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