CartaCapital
A Semana: Lula em Paris
Na agenda, Amazônia, críticas ao deus mercado e o acordo com a UE
![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2023/06/1266-semana-1.jpg)
Lula fez bem em mudar de assunto. Na mais recente viagem à Europa, justificada pela participação na cúpula organizada pelo francês Emmanuel Macron para discutir um novo pacto financeiro global, o presidente evitou o terreno pantanoso da Guerra na Ucrânia e trafegou por temas caros à reinserção do Brasil na geopolítica: meio ambiente, o poder excessivo dos mercados e a desigualdade (embora o País, campeão no quesito, não possa dar lição a nenhum outro). “E nós aqui precisamos ter claro o seguinte: aquilo que foi criado depois da Segunda Guerra Mundial, as instituições de Bretton Woods não funcionam mais e não atendem às aspirações nem aos interesses da sociedade”, discursou o petista, bastante aplaudido. “Vamos ter claro que o Banco Mundial deixa muito a desejar naquilo que o mundo aspira. Vamos deixar claro que o FMI deixa muito a desejar.”
No tour europeu, que incluiu um encontro com o papa Francisco no Vaticano e reuniões bilaterais com o presidente italiano, Sergio Mattarella, e a primeira-ministra, Giorgia Meloni, Lula não poupou as mudanças de última hora sugeridas (ou impostas) pela União Europeia no acordo comercial com o Mercosul. Os europeus pretendem incluir no documento o direito de aplicar multas aos parceiros sul-americanos, em caso de descumprimento de cláusulas de proteção ambiental. Para Lula, a proposta ameaça as negociações. “Estou doido para fazer um acordo com a UE, mas não é possível, a carta adicional não permite que se faça um acordo”, declarou. “Não é possível que a gente tenha uma parceria estratégica e haja uma carta adicional fazendo ameaça a um parceiro estratégico. Como vamos resolver isso?”
Desmatamento
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.