A Semana: O teste de Zanin

O ex-advogado de Lula toma posse e encara temas controversos

Zanin tem perfil garantista e avesso ao vale-tudo da República de Curitiba – Imagem: Antonio Cruz/ABR

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Nomeado por Lula para ocupar a vaga de Ricardo ­Lewandowski no Supremo Tribunal Federal, o advogado Cristiano ­Zanin ­Martins teve o nome aprovado no Senado por um placar folgado, 58 votos a 18. Defensor do presidente nos processos da Lava Jato, o novo ministro tem perfil claramente garantista e avesso ao vale-tudo ­persecutório da República de Curitiba. Poucos sabem, porém, o que pensa sobre temas espinhosos como aborto, drogas e direitos da comunidade LGBTQIA+. Sem produção acadêmica a respeito, Zanin desviou das cascas de banana lançadas durante a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça com o argumento, prudente e correto, de não poder antecipar juízo sobre pautas que terá de enfrentar na Corte. É questão de tempo para o magistrado passar pelo seu batismo de fogo, talvez nem tenha chance de se habituar à toga.

Na volta do recesso, o STF terá pela frente ao menos três grandes julgamentos que a ministra Rosa Weber, presidente do tribunal, pretende pautar antes da sua aposentadoria compulsória, em setembro. O primeiro é uma ação movida pela Defensoria Pública de São Paulo a favor da declaração de inconstitucionalidade do artigo 28 da Lei de Drogas que considera crime comprar, guardar ou portar entorpecentes para consumo pessoal. Outro é a descriminalização do aborto. Uma ação do PSOL propõe legalizar a prática até a 12ª semana de gestação. Por fim, o STF vai decidir sobre a esdrúxula tese do “marco temporal”, tentativa de ruralistas de se apossar de terras indígenas.

A esmolinha do pai do Pix

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5 comentários

PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 6 de agosto de 2023 04h44
STF/ O teste de Zanin Tudo indica mesmo que o novo ministro do STF, Cristiano Zanin seja um ministro progressista e temas como a declaração de inconstitucionalidade do artigo 28 da Lei de Drogas como o consumo pessoal de entorpecentes, descriminalização do aborto sejam apreciados de maneira razoável e, digamos, de forma progressista por ele. Quanto ao sucessor a da ministra Rosa Weber, esperamos que seja alguém ligado à área trabalhista e comprometido com a causa dos trabalhadores visto que a ministra e atual presidenta do STF também é oriunda do Direito laboral e tem se posicionado na maioria de suas decisões sempre a favor da classe trabalhadora.
PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 6 de agosto de 2023 04h45
8 DE JANEIRO/ História para boi dormir Parece mesmo que esses militares subestimam a nossa inteligência. Entendem eles que de vítima, o governo federal passou a ser algoz de si mesmo. O resultado desse Inquérito Militar põe a culpa no governo que deveria ter se prevenido do ataque dos vândalos? E as polícias militares do governo do Distrito Federal onde muitos até coonestaram com as depredações e destruição dos arruaceiros que ficaram meses a fio às portas dos quarteis e foram até acompanha-los às portas dos três poderes antes dos ataques infames? Aqueles que assinaram esse inquérito deveriam ser investigados seriamente.
PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 6 de agosto de 2023 04h46
Investigação/ TRAMOIA EXPOSTA- Parece mesmo que os dias de mandato da deputada bolsonarista Carla Zambelli estão contados. Com a prisão do Hacker Walter Delgatti, além da busca e apreensão na casa da deputada, novas provas virão a tona contra ela, o próprio Delgatti e até Bolsonaro nas tentativas de golpe frustrado e invasão nos computadores do CNJ, STF e do ministro Alexandre de Moraes. Esperamos que essa triste página de extremismo da nossa história seja varrida do mapa e que fique somente nos livros de história do futuro e nas páginas policiais dos jornais. Que as provas contra Bolsonaro e bolsonaristas sejam bem robustas para que ele pague de uma vez por todas por todos os crimes praticados.
PAULO SERGIO CORDEIRO SANTOS 6 de agosto de 2023 04h47
EUA/ Eu sou você amanhã?- O efeito Orloff de Trump se espelha em Bolsonaro e guarda semelhança em muitos detalhes. Lá, Trump usa o seu jus esperneandi , em nas prévias do partido Republicano para se cacifar a candidato nas próximas eleições presidenciais, mas já é réu. Aqui, Bolsonaro não é réu ainda, mas existem muitos inquéritos, contra ele e possibilidades de outras ações eleitorais, penais e até cíveis. A diferença é que Bolsonaro já está inelegível, e Trump não, mas é tudo questão de tempo. Para que o extremismo seja varrido, urge que esses dois indivíduos sejam considerados réus e punidos por todos os crimes que praticaram tanto lá como cá para o bem da democracia do Brasil dos Estados Unidos e de todos os países democráticos do planeta.
ricardo fernandes de oliveira 7 de agosto de 2023 09h56
Inquérito militar no Brasil, como no riocentro, a gente já sabe de antemão o resultado

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