CartaCapital
A Semana: Pilatos chamuscado
PF prende Milton Ribeiro, por quem Bolsonaro colocaria a “cara no fogo”
A Polícia Federal prendeu, na quarta-feira 22, o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro no âmbito da investigação sobre o “gabinete paralelo” instalado na pasta, no qual pastores ligados ao governo intermediavam a distribuição de verbas para prefeituras em troca de propina. Investigado por corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência, o reverendo presbiteriano teve a prisão preventiva decretada pelo juiz Renato Borelli, da 15ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal. Os pastores-lobistas Arilton Moura e Gilmar Santos também foram alvo de mandados de prisão e de busca e apreensão em vários endereços.
Se até pouco tempo Jair Bolsonaro depositava total confiança no colaborador, a ponto de dizer que colocaria a “cara no fogo” por Ribeiro, agora o ex-capitão lava as mãos para a sua prisão: “Ele que responda pelos atos dele”. Não é a primeira vez que o ex-capitão abandona soldados feridos pela estrada, mas não será tão simples se livrar das chamas. Em áudio revelado pela Folha de S.Paulo em março, o então ministro disse priorizar a liberação de verbas para amigos de Santos por orientação de Bolsonaro. “Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim.”
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.