Anvisa defende suspensão de estudos da Coronavac e critica ‘correria’

Diretor-presidente afirmou que decisão tomada pela agência é 'técnica'

Diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres. Reprodução: TV Brasil

Apoie Siga-nos no

O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, defendeu nesta terça-feira 10 a decisão tomada na véspera que determinou a interrupção dos estudos clínicos relacionados à vacina Coronavac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac Biotech e pelo Instituto Butantan.

 

 

“Importante pontuar o que aconteceu. No dia de ontem, a Anvisa recebeu a notificação de um evento adverso grave ocorrido no protocolo de desenvolvimento da vacina Sinovac. Essas informações foram recebidas e analisadas pela Gerência Geral de Medicamentos. As informações recebidas ontem levaram a área técnica a tomar a decisão da interrupção temporária dos testes referentes à vacina Sinovac”, anunciou Torres no início da entrevista coletiva concedida na sede da agência.

Segundo ele, “as informações veiculadas ontem foram consideradas pela área técnica insuficientes e incompletas para que ontem fosse possível, de posse delas, continuar permitindo o desenvolvimento vacinal”.


Barra Torres fez questão de enaltecer em diversos momentos da entrevista que a decisão tomada pela Anvisa é “técnica”.

“Dentro do grupo de eventos adversos graves, há os esperados. Se um voluntário testador contrai e vai a óbito por Covid-19, é um evento adverso grave esperado. Faz parte do protocolo vacinal que essas pessoas se exponham a risco de contágio. E aí se afere se houve ou não resposta vacinal competente. Mas, quando temos evento adversos não esperados, a sequência de eventos é uma só: interrupção do estudo. Foi o que aconteceu”, explicou. “Na missão que é nossa, de atestar, Deus permita em um futuro breve, a qualidade, segurança e eficácia da vacina, que outra decisão é possível diante do relato de um evento adverso grave não esperado com informações incompletas e insuficientes?”, questionou.

O diretor-presidente da Anvisa também rejeitou a possibilidade de acelerar as etapas do processo de análise do desenvolvimento da vacina.

“Não é brincadeira o que nós estamos tratando aqui. Não é brincadeira atestar que uma vacina pode ser dada a uma pessoa. “Em sede de dúvida, paramos. E eu pergunto: que mal há em aguardar o recebimento dos documentos que nos permitirão tomar uma decisão com a tranquilidade que essa responsabilidade demanda? Por que o motivo de correria? A ansiedade parece ser maior que a que todos nós aqui na Anvisa temos de fornecer uma resposta”, completou.

Barra Torres ainda frisou que a Anvisa “não é parceria de nenhum desenvolvedor, laboratório ou instituto”.

 

Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

 

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.