CartaCapital
Cabeças de papel
Em expansão no País, as escolas cívico-militares são caras, ineficientes e parecem servir apenas para inflar a renda de oficiais da reserva
![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2024/05/dsc00881.jpg)
Na Constituição de 1988, não existe menção alguma sobre a atuação dos militares na política educacional brasileira. Essa ausência também se observa no Plano Nacional de Educação (Lei 13005/2014), na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9394/1996) e no Estatuto dos Militares (Lei 6880/1980). Ainda assim, o Brasil tem 42 colégios militares, administrados diretamente pelo Exército, pela Marinha ou pela Aeronáutica, e quase mil escolas cívico-militares em funcionamento, modelo híbrido em ascensão no País e que tem gerado intensa celeuma e disputa ideológica.
Recentemente, o governador paulista Tarcísio de Freitas conseguiu aprovar na Assembleia Legislativa, em uma sessão marcada por violenta repressão policial aos estudantes que protestavam contra a iniciativa, seu projeto para implantar cem escolas cívico-militares no estado. Um número ínfimo diante de um universo de mais de 5 mil unidades da rede pública paulista, mas o suficiente para acalentar sua estridente base bolsonarista.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.