Artigo
Made in Brazil
O Brasil foi um caso de sucesso de industrialização no século XX. Esse processo não ocorreu por acaso nem por decisões da “mão invisível do Mercado”. O Estado teve um papel central, com frequência em confronto com boa parte da burguesia brasileira. A indústria de […]
![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2021/12/1-1-1.gif)
O Brasil foi um caso de sucesso de industrialização no século XX. Esse processo não ocorreu por acaso nem por decisões da “mão invisível do Mercado”. O Estado teve um papel central, com frequência em confronto com boa parte da burguesia brasileira. A indústria de base, essencial para viabilizar na sequência a indústria de bens de consumo duráveis, foi resultado fundamentalmente de investimento estatal. A criação do BNDES, em 1952, dotou o País de uma agência de fomento com capacidade de financiamento de projetos de longa maturação, condição básica para qualquer nação ter sua própria indústria pesada e capacidade autônoma de construir sua infraestrutura. Por fim, a construção de Brasília mobilizou forças produtivas em larga escala e consolidou a indústria de construção civil pesada e uma enorme cadeia de fornecedores. Brasília funcionou como um catalisador de demanda essencial à diversificação industrial.
Tanto o governo de Getúlio Vargas quanto o de Juscelino Kubitschek enfrentaram sólida oposição de parcelas da burguesia brasileira e dos economistas liberais, que passo a passo se opuseram a todas essas iniciativas. O discurso da vocação agrícola brasileira estava presente, assim como a negativa da existência de petróleo que justificasse uma empresa e o monopólio estatal, as reticências da banca privada à criação do BNDES e a feroz oposição à construção de Brasília capitaneada pela UDN. Expressões de uma burguesia que jamais teve projeto de nação, e sim projeto de classe.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.