CartaExpressa
Auditoria via streaming? Rádios não são obrigadas a veicular inserção política na internet
Questões técnicas da transmissão digital também expõem potenciais problemas do monitoramento
A pretensa auditoria enviada pela campanha de Jair Bolsonaro (PL) ao Tribunal Superior Eleitoral mostra limitações ao tentar comprovar irregularidade na veiculação de inserções do ex-capitão no segundo turno.
A metodologia escolhida para monitorar as emissoras de rádio se baseia no streaming, modelo em que não é obrigatória a transmissão de propaganda política. Nas concessões públicas, a veiculação é mandatória.
A empresa Audiency Brasil Tecnologia LTDA. se apoia em um algoritmo que captura o áudio emitido “pelo streaming público das emissoras”. Na sequência, “transforma-o em dados binários e processa os arquivos binários comparando-os com áudios cadastrados no banco de dados da plataforma por espelhamento”.
Depois de o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, cobrar detalhes sobre as acusações, a campanha bolsonarista encaminhou um novo documento com oito exemplos de emissoras da Bahia e de Pernambuco que teriam deixado de exibir inserções de Bolsonaro.
Além do fato de as emissoras não serem obrigadas por lei a transmitir propaganda política na internet, questões técnicas expõem potenciais problemas da suposta auditoria. Uma falha na transmissão via internet a interromper parcialmente a programação de uma emissora, por exemplo, pode impactar o algoritmo utilizado pela campanha.
Há, ainda, o papel da própria equipe de Bolsonaro. Das oito rádios mencionadas no documento, quatro afirmaram ao jornal O Globo, nesta quarta-feira 26, não ter recebido as inserções produzidas pelo PL.
Relacionadas
CartaExpressa
André Mendonça toma posse como titular do TSE
Por CartaCapitalCartaExpressa
Dino nega pedido de habeas corpus de Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro
Por CartaCapitalCartaExpressa
O novo apelo de Daniel Silveira a Moraes para progredir ao semiaberto
Por CartaCapitalCartaExpressa
Dino será o relator de habeas corpus de Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro
Por CartaCapitalApoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.