O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso, encerrou os trabalhos da Corte em 2021, nesta sexta-feira 17, com um discurso que listou os “momentos graves” enfrentados pela democracia no ano. A tensão ressaltada pelo ministro teve o ápice no 7 de Setembro, com ameaças golpistas proferidas pelo presidente Jair Bolsonaro e por apoiadores dele.
“Ameaças de fechamento do Congresso, do STF, de descumprimento de decisões judiciais e desfile de tanques nas Praça dos Três Poderes. O atraso rondou nossas vidas ameaçadoramente. Nesse ambiente, o debate público foi dominado, muitas vezes, pela mentira, pela desinformação e pelo ódio”, declarou Barroso, para quem as instituições democráticas resistiram e “afastaram o fantasma do retrocesso, da quebra da legalidade constitucional, das aventuras autoritárias que sempre terminam em fracasso”.
Barroso rechaçou outra bandeira levantada por Bolsonaro neste ano e que insuflou uma minoritária base social de extrema-direita: o retrocesso ao voto impresso em detrimento do sistema eletrônico de votação. O ministro se referiu à campanha como “absurda”.
“De novo, uma aposta no atraso. Uma volta ao tempo de fraudes, em que urnas desapareciam, outras apareciam com mais votos do que eleitores e mapas eram manipulados a favor de gente desonesta”, criticou. “Felizmente, o Congresso rejeitou a mudança para pior.”
Ao exaltar a segurança das eleições no Brasil, Barroso desconstruiu o discurso bolsonarista e afirmou que, embora o sistema do TSE “possa ser invadido, como qualquer sistema computacional no mundo, inclusive das agências de segurança”, a eleição brasileira é “imune a fraude, porque a urna não entra em rede”.
“O único momento de manipulação humana é a elaboração do programa, dos códigos-fonte, e esse programa é inspecionado pelos partidos, pelo Ministério Público, pela Polícia Federal e lacrado após uma assinatura digital.”
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