Bolsonaro volta a insinuar que internação de criança em SP foi efeito da vacina; Saúde já descartou hipótese

Quase ao mesmo tempo, o presidente desprezou óbitos infantis causados por Covid, chamando as mortes de ‘insignificantes’

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

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No mesmo dia em que chamou as mortes infantis por Covid-19 no Brasil de ‘insignificantes’, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a insinuar que a internação de uma criança no interior de São Paulo foi causada por efeitos adversos da vacina. A hipótese já foi descartada pelas autoridades, incluindo o próprio Ministério da Saúde.

“Como pai, o que ele falou para a gente é preocupante. Agora, foi em função da vacina ou não foi? De imediato já vi nego que nem tinha ido lá falando que ela tinha outros problemas. Eu conversei com o pai. Conversem com o pai da menina. Vocês têm filhos também. Nós queremos o bem de todos”, disse Bolsonaro neste sábado 22.

O Ministério da Saúde confirmou nesta sexta-feira 21 que não há relação entre a vacina contra a Covid-19 e a internação de uma criança em Lençóis Paulista. O governo de São Paulo já havia chegado a essa conclusão, após investigação.

“A síndrome de Wolff-Parkinson-White, até então não diagnosticada e desconhecida pela família, levou a criança a ter uma crise de taquicardia, que resultou em instabilidade hemodinâmica”, reforçou a pasta em comunicado ao jornal Folha de S.Paulo emitido ainda na sexta-feira 21.

A insinuação de Bolsonaro ocorre no mesmo dia em que ele desprezou as mortes infantis causadas pelo coronavírus.

“Eu desconheço criança baixar no hospital. Algumas morreram? Sim, morreram. Lamento, profundamente, tá. Mas é um número insignificante e tem que se levar em conta se ela tinha outras comorbidades também”, disse Bolsonaro neste sábado, menos de um dia após o enterro da própria mãe.


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