Em delação à Polícia Federal, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, afirmou que Walter Braga Netto, general e vice na chapa do ex-capitão na eleição do ano passado, seria o elo entre os golpistas acampados em frente ao quartel de Brasília e o Planalto.
O papel desempenhado pelo general foi descrito pelo jornal O Globo nesta segunda-feira 9. Ao jornal, Braga Netto disse desconhecer o teor da delação e optou por não comentar o caso. Ele havia sido convocado para um depoimento na CPMI do 8 de Janeiro, mas não será ouvido por decisão do presidente do colegiado, o deputado Arthur Maia (União).
Segundo disse Cid à PF, Braga Netto costumava atualizar Bolsonaro sobre o andamento das manifestações golpistas em frente ao quartel. Foi de lá que partiram os terroristas do 8 de Janeiro, em Brasília. O papel descrito pelo ajudante de ordens, diz o jornal, está sendo investigado pela PF.
A publicação desta segunda-feira lembra, ainda, que fotos publicadas pelo site Metrópoles mostram pessoas que estavam no acampamento de Brasília frequentado a casa onde funcionava o comitê de campanha de sua chapa com Bolsonaro. Braga Netto era quem dava expediente no local. As imagens, portanto, reforçariam a delação.
A declaração de Braga Netto a golpistas em 18 de novembro também pesa contra o general. Naquele dia, ele pediu que acampados não perdessem a fé na posse de Bolsonaro, mesmo diante da derrota nas urnas.
“Presidente está bem, está recebendo gente. Vocês não percam a fé, tá bom?! É só o que eu posso falar agora”, declarou Braga Netto naquela ocasião.
Ainda segundo o jornal, há registros de Braga Netto em ao menos quatro reuniões com Bolsonaro, o comando das Forças Armadas e outros ministros de confiança do ex-capitão, como Anderson Torres (Justiça) e Paulo Nogueira (Defesa).
Até aqui, importante registrar, Braga Netto tem negado ter participado dos encontros que supostamente teriam tratado da trama golpista delatada por Cid. Ele chegou a dizer que não participava das agendas para não constranger os comandantes, já que ele era um general da reserva. Os registros mantidos por Cid e obtidos pelo Globo, no entanto, jogam contra o ex-ministro.
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