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Delegado que intimou Bonner e Felipe Neto manda investigar editor do ‘Intercept Brasil’

Leandro Demori foi intimado a depor por conta de um texto sobre a atuação da Polícia Civil do Rio na chacina do Jacarezinho

Manifestação contra o massacre em Jacarezinho. Foto: MAURO PIMENTEL / AFP
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A Polícia Civil do Rio de Janeiro abriu um inquérito para investir o jornalista Leandro Demori, editor-executivo do site Intercept Brasil. O motivo? Ter denunciado a possível existência de um grupo de matadores ligado à Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil, a Core. O texto de Demori, que se refere à operação que deixou 27 mortos na favela do Jacarezinho, foi veiculado no dia 8 de maio via newsletter.

Quem está à frente do caso o delegado Pablo Dacosta Sartori, o mesmo que abriu inquéritos contra Felipe Neto e os apresentadores do Jornal Nacional William Bonner e Renata Vasconcellos.

No caso do youtuber, a motivação era uma suposta violação à Lei de Segurança Nacional, em março, após um registro de ocorrência feito por Carlos Bolsonaro. Já os âncoras do JN foram intimados a partir de notícia-crime apresentada por Flávio Bolsonaro.

Ambas as investigações terminaram arquivadas.

O inquérito, iniciado no dia 19 de maio, é assinado pela delegada Daniela dos Santos Rebelo Pinto, corre na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática, comandada por Sartori. O prazo da investigação é de 30 dias. O jornalista foi intimado a depor nesta quinta-feira 10.

Em nota, o Intercept considerou a atitude da Polícia “uma inversão total de prioridades éticas e funcionais” e criticou o fato de a corporação, ao invés de se preocupar com o teor do texto, ter se voltado contra o jornalista que o escreveu. “Em democracias saudáveis, a polícia estaria preocupada com a pilha de mortos que a Core vem deixando em suas operações. No Brasil dos nossos tempos, a polícia quer intimidar e pressionar o mensageiro.”

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