CartaExpressa
Deputado que quebrou placa de Marielle propõe homenagem à vereadora
Rodrigo Amorim encaminhou um pedido ao governo do Rio; Mônica Benício (PSOL-RJ), viúva de Marielle, considera ‘hipócrita’ a intenção
O deputado estadual pelo Rio de Janeiro Rodrigo Amorim (PSL) encaminhou um pedido ao governo do estado para criar uma casa de acolhimento a mulheres em situação de vulnerabilidade na Vila Mimosa, centro da capital fluminense, e batizá-la com o nome de Marielle Franco, a vereadora que foi assassinada em 2018 junto de seu motorista, Anderson Gomes.
O pedido do parlamentar não repercutiu bem entre os familiares de Marielle, já que foi ele quem quebrou uma placa com o nome da vereadora, um ano após o seu assassinato, e ainda cuidou de emoldurá-la em seu gabinete.
Uma das críticas veio da vereadora Mônica Benício (PSOL-RJ), viúva de Marielle, que entendeu como ‘hipócrita’ a intenção de Amorim.
“A despeito da evidente desfaçatez desse parlamentar, posso garantir que para Marielle, para mim e para todas as pessoas que lutam por um mundo melhor, as casas de acolhimento são fundamentais para a garantia de direitos. Sejam elas construídas em qualquer lugar da cidade, desde que atendam às pessoas que mais precisam, sobretudo numa sociedade capitalista patriarcal, extremamente violenta, como a que ele defende. Minha conclusão: esse deputado bolsonarista não é digno de propor tal iniciativa”, disse Benício em entrevista ao jornal O Globo.
A irmã de Marielle, Anielle Franco, disse que ficou surpresa com a intenção e se manterá alerta.
“Toda homenagem que respeite a trajetória dela será bem-vinda. Mas muito me admira esse movimento de um deputado, que quebrou a placa dela e tripudiou em cima de sua morte diversas vezes, querer agora, quase em 2022, prestar homenagem a ela. Torço para que ele passe, então, a respeitar minha irmã e a memória dela a partir de agora, já que ele tem achado conveniente usar o nome dela em diferentes espaços”, afirmou Anielle.
Relacionadas
CartaExpressa
Réus pelo assassinato de Marielle indicam 70 testemunhas de defesa
Por Agência BrasilCartaExpressa
CCJ adia votação de PL que mira no MST e cria cadastro contra ‘invasores’ de terras
Por CartaCapitalCartaExpressa
Polícia Federal resgata 22 vítimas de exploração sexual em São Paulo
Por CartaCapitalCartaExpressa
Aneel aprova redução média de 2,43% nas tarifas da Enel em São Paulo
Por CartaCapitalApoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.