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Embaixatriz pede justiça após abordagem agressiva da PM do Rio ao filho
Policiais apontaram armas para filhos de três diplomatas estrangeiros, que estavam acompanhados de jovens brasileiros
![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2024/07/abordagem.jpg)
A embaixatriz do Gabão no Brasil, Julie-Pascale Moudouté, disse que espera ação da Justiça brasileira depois que o filho dela e outros dois jovens negros, também filhos de diplomatas estrangeiros, foram vítimas de abordagem violenta por parte da Polícia Militar do Rio de Janeiro.
“Como que você vai apontar armas para a cabeça de meninos de 13 anos, como que é isso? Mesmos nós adultos, você me aborda, você me pergunta primeiro. E depois você me diz porque você está me abordando”, disse Moudouté ao G1.
O episódio aconteceu na última terça-feira 3, e foi inicialmente divulgado pelo jornalista Guga Noblat. Além do filho da embaixatriz do Gabão, o grupo de jovens tinha filhos de diplomatas do Canadá e de Burkina Faso e dois brasileiros de pele clara. Todos com idades entre 13 e 14 anos.
Imagens de câmeras de segurança mostraram o momento em que uma viatura policial se aproxima dos adolescentes e os agentes descem, com armas em punho, e iniciam a abordagem. Os meninos foram levados para dentro da área cercada do prédio onde entravam.
“Você não sai com uma arma e me manda colocar a mão na parede. A gente confia na Justiça brasileira e a gente quer justiça, só isso”, disse a diplomata do Gabão.
Segundo a mãe de um dos jovens brasileiros envolvidos, a abordagem violenta ficou restrita aos meninos estrangeiros negros. Ela disse que os garotos foram obrigados a tirar os casacos e mostrar que não carregavam nada próximo da região genital.
Ainda de acordo com o relato, os meninos brasileiros, poupados da violência, disseram aos policiais que se tratavam de filhos de diplomatas estrangeiros e que não falavam português. Os policiais teriam orientado os meninos a não andarem na rua, pois poderiam sofrer nova abordagem.
Em nota enviada ao G1, a Secretaria de Estado de Polícia Militar do Rio afirmou que as imagens de câmeras corporais dos uniformes dos agentes serão analisadas para verificar eventuais excessos. A corporação disse ainda que os cursos de formação oferecidos aos agentes dão “prioridade absoluta” a disciplinas como Direitos Humanos, Ética e Direito Constitucional.
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