O ex-presidente Michel Temer confirmou sua participação na redação da nota divulgada nesta quinta-feira 9 em que o presidente Jair Bolsonaro recua das ameaças golpistas proferidas no 7 de Setembro.
No texto, Bolsonaro afirma que não teve a intenção “de agredir quaisquer dos Poderes”, dois dias depois de estimular a desobediência civil a decisões do Supremo Tribunal Federal. Durante discurso em São Paulo, também ofendeu diretamente o ministro Alexandre de Moraes, a quem chamou de “canalha”, e disse que o presidente da Corte, Luiz Fux, deveria “enquadrá-lo”, sob pena de o Judiciário “sofrer aquilo que nós não queremos”.
“Quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum”, diz trecho do texto assinado por Bolsonaro nesta quinta. Ele também elogiou as “qualidades [de Moraes] como jurista e professor”.
A nota foi divulgada após um almoço entre Temer e Bolsonaro. Em entrevista à TV Band, o emedebista revelou detalhes da produção do texto e informou que foi a Brasília em um avião da Força Aérea Brasileira.
“O presidente havia me telefonado para trocarmos ideias sobre a situação do País. Eu fiz umas ponderações a ele. Coincidentemente, depois tive oportunidade de dar uma palavra com o ministro Alexandre e verifiquei que ele não tem absolutamente nada pessoal contra o presidente, que ele decidia juridicamente”, disse Temer.
“Eu vim [a Brasília], trouxe um esboço de uma declaração e submeti a ele [Bolsonaro] durante o almoço. Ele fez uma observação só e disse ‘olha, vou só fazer uma pequena observação aqui’. Então eu fui visitar o governador Ibaneis [Rocha, do DF] por uns 50 minutos e volto para ver a nota com a modificação. Voltei e ele me deu a nota, que é essa nota que foi divulgada”, prosseguiu. “Penso que causou boa repercussão e que ele se convenceu, definitivamente, de que esse é o melhor caminho. Acho que foi bom para o País”.
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