O filho 01 do presidente Jair Bolsonaro (PL), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), mudou nos últimos dias a linha adotada em sua defesa para justificar a compra da mansão avaliada em 6 milhões de reais em uma área nobre de Brasília. Segundo o jornal Folha de S. Paulo desta quarta-feira 1º, o parlamentar alega agora que seu trabalho como advogado ajudou a juntar o dinheiro necessário para financiar o imóvel.
Metade do valor é fruto de um empréstimo no Banco de Brasília. A operação é questionada na Justiça. A nova justificativa do senador foi dada em resposta a uma ação protocolada pela deputada Erika Kokay (PT-DF), que pede esclarecimentos sobre a capacidade do senador obter a linha de crédito em um valor tão significativo, uma vez que, como parlamentar, Flávio receberia um salário de 33 mil reais brutos e teria que desembolsar mais da metade do vencimento para arcar com as parcelas da operação.
Inicialmente, ele alegava que, além de deputado, era sócio de uma franquia da loja de chocolates Kopenhagen no Rio de Janeiro. Com a venda, ele dizia, em março de 2021, ter obtido dinheiro suficiente para concretizar a compra da mansão. É importante lembrar que a loja está no centro do caso das rachadinhas. Ela teria sido usada para lavar o dinheiro desviado do salário dos assessores.
Nesta semana, porém, a defesa de Flávio passou a alegar que a atuação do senador como advogado ajudou a pagar parte da aquisição do imóvel. A reportagem do jornal, no entanto, não encontrou qualquer processo no Distrito Federal ou no Rio em que tenha inscrições ativas na Ordem dos Advogados do Brasil de Flávio. Nas instâncias superiores, ele também não está listado como advogado em nenhuma ação.
Vale ressaltar que a atuação de um parlamentar como advogado tem limitações, não podendo, por exemplo, atuar em ações contra a administração pública. Pelas regras, ele poderia ainda não assinar como advogado em uma ação, mas produzir pareceres e dar consultorias. Ao jornal, porém, Flávio não forneceu detalhes do seu trabalho na área jurídica.
O advogado Edison Grossi de Andrade Junior, que representa Flávio na ação, também não respondeu aos questionamentos. Em nota, o senador se limitou a dizer que a ação contra ele não teria fundamento e que o empréstimo teria seguido os rigorosos processos do Banco de Brasília.
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