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Forças Armadas não se engajaram em golpe, mas foram muito lenientes com Bolsonaro, avalia Gilmar Mendes

Ministro do STF defendeu que se criem ‘antídotos’ para reduzir a participação de militares na política e na ocupação de cargos civis

O ministro Gilmar Mendes, do STF. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
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O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, avaliou que as Forças Armadas, sob o comando do ex-presidente Jair Bolsonaro, não teriam engajado diretamente em um golpe de Estado gestado entre os bolsonaristas, mas teriam sido lenientes com as ações do ex-capitão.

A declaração consta em uma entrevista do ministro ao jornalista Jamil Chade, do site UOL, publicada nesta quarta-feira 23.

“Não acredito que as Forças Armadas tenham se engajado num projeto de golpe. Mas é notório que foram muito lenientes com Bolsonaro”, avaliou Mendes. “Se não quisermos ver outros exemplos, baste ver esse assentamento de pessoas na frente dos quartéis. Imaginemos que o MST quisesse fazer um assentamento diante de um quartel”, explicou o ministro.

Na conversa, Gilmar Mendes defende que sejam criados ‘antídotos’ para impedir que militares da ativa ocupem cargos políticos, bem como sejam criados limites para a atuação de fardados em cargos civis na administração pública.

“Capitães e outros que se tornam candidatos. Muitos deles, não eleitos, voltam para a PM. Isso cria uma politização que não deveria haver e resulta no que vimos aqui”, destacou antes de pregar as mudanças na legislação.

“Sugiro que fosse definido medidas de inelegibilidade. Quem quer fazer carreira política, sair do Exército ou do Ministério Público, que se licencie e saia. Sem poder voltar. Isso seria fundamental e seria uma resposta para essa possibilidade de politização.”

Mais adiante, o ministro prega então a limitação dos militares em cargos que deveriam ser ocupados por civis. Ele faz críticas ao aumento de fardados na gestão bolsonarista no Planalto.

“Vimos um emprego despudorado de militares em funções civis. De novo, deveria ter regras para isso”, defende.

“No Ministério da Justiça, estruturas inteiras estavam militarizadas, o que leva a adivinhar que, num futuro governo Bolsonaro, poderíamos ter uma reprodução dessas repúblicas à la Venezuela”, destaca, logo em seguida.

Por fim, para se limitar essa politização entre os militares, o decano do STF defende que temas como a GLO, artigo 142 e a lei que ordena o emprego das Forças Armadas voltem a ser debatidos.

“Teríamos de olhar para isso. Do contrário, os elementos dessa tragédia continuam por aí.”

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