Justiça do Rio arquiva inquérito que apurava racismo contra jovem negro no Leblon

Matheus Ribeiro foi acusado pelo casal Mariana Spinelli e Tomás Oliveira de furtar uma bicicleta elétrica

Créditos: Reprodução / Instagram

Apoie Siga-nos no

A Justiça do Rio de Janeiro decidiu arquivar o inquérito que apurava suposta calúnia cometida contra o instrutor de surfe Matheus Ribeiro, no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro. Na ocasião, Ribeiro acusou o casal Mariana Spinelli e Tomás Oliveira de cometer racismo ao acusá-lo de furtar uma bicicleta. Ele foi abordado pela dupla em frente ao Shopping Leblon e acusado de estar com uma bicicleta idêntica à que teria sido furtada. O veículo, no entanto, era de Matheus.

Ao decidir pelo arquivamento, o juiz Rudi Baldi Loewenkron, da 16 ª Vara Criminal, acatou o requerimento da 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Territorial da Zona Sul e da Barra da Tijuca, feito por Lenita Machado Tedesco.

“Não se olvida a possibilidade de descuido por parte dos indiciados na abordagem de Matheus. Porém, como bem colocou o Ministério Público, faltou o elemento constitutivo do tipo falsamente para configuração de calúnia, vez que a semelhança da bicicleta, do cadeado, o local e o lapso temporal entre os eventos levaram os indiciados a acreditar que poderiam estar diante da bicicleta de sua propriedade”, destacou o juiz em despacho publicado na terça-feira 3.

“O crime de calúnia só se dá a partir do dolo, que ora não se vislumbra para configuração do crime imputado, o que, por certo, não afasta a possibilidade de responsabilidade civil pela acusação imprudente. Todavia, na seara criminal, o fato demonstra-se atípico, diante da ausência do tipo penal na modalidade culposa”, completa o juiz.

A decisão também corrobora o relatório final do inquérito instaurado pela delegada Natacha Alves de Oliveira, responsável pela 14ª DP (Leblon). A delegada também entendeu que o casal não cometeu crime.

A bicicleta do casal foi furtada por Igor Martins Pinheiro que foi flagrado por câmeras de segurança e preso preventivamente, no dia 16 de junho, por agentes da 14ª DP, em um prédio em Botafogo, também na Zona Sul.


 

 

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Relacionadas

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

 

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.