MPF pede que Inep desista de criar ‘tribunal ideológico’ para o Enem

Segundo a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, o ato poderia representar um ataque à liberdade de expressão

Estudante se preparando para prova do Enem. Fonte: Shutterstock

Apoie Siga-nos no

O Ministério Público Federal recomendou que o governo de Jair Bolsonaro recue da proposta de criação de uma espécie de “tribunal ideológico” para questões do Enem. Segundo a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, o ato poderia representar um ataque à liberdade de expressão e ao pluralismo de ideias. 

A manifestação do MPF se deu após o jornal Folha de S.Paulo revelar que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais havia preparado uma portaria para estabelecer um sistema de análise ideológica dos itens das avaliações da educação básica. O documento prevê o veto a “questões subjetivas” e atenção a “valores morais”. 

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, negou a existência da iniciativa, mesmo após ser confrontado com os registros internos que indicavam o processo de elaboração da portaria. 

O MPF, que confirmou a tramitação do documento, apresentou a recomendação após questionamento do PSOL. De acordo com o órgão, “a pretensa neutralidade ideológica da proposta, na verdade, pode esconder um conjunto de ideias contrárias ao pluralismo de ideias e à liberdade de expressão”.

“A liberdade de expressão protege simultaneamente os direitos daqueles que desejam expor suas opiniões ou sentimentos e os direitos do público em geral de ter acesso a essas expressões”, diz o texto da Procuradoria, encabeçado pelo subprocurador-geral da República Carlos Alberto Vilhena e divulgado pela Folha.

A recomendação do MPF dará ao Inep cinco dias para informar se prosseguirá com a portaria. A ausência de uma resposta “será interpretada como recusa, passível da adoção de medidas judiciais”.


 

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Relacionadas

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

 

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.