O presidente Lula condenou a ofensiva sem precedentes contra Israel. Ele chamou as ações de “ataque terrorista”. Mas o Brasil não reconhece oficialmente o Hamas como tal. Na verdade, só Estados Unidos, União Europeia e alguns aliados o fazem.
A posição brasileira é semelhante à de Noruega e Suíça, por exemplo. Estes países têm histórico de neutralidade e, ao adotarem essa postura, podem servir eventualmente como mediadores em conflitos. Na década de 1940, o papel da diplomacia brasileira foi crucial para a criação de Israel.
Foi o Brasil que presidiu a histórica sessão da ONU que aprovou a partilha da antiga Palestina britânica. Tanto naquela época quanto hoje, o Brasil defende uma solução de dois Estados: um palestino e israelense. Em 2010, em seu último mês de governo, Lula reconheceu o Estado palestino. E com as fronteiras anteriores a 1967. Ou seja, antes da Guerra dos Seis Dias, quando Israel ocupou a Cisjordânia e a Faixa de Gaza.
Nas últimas décadas, a relação Brasil e Israel teve altos e baixos. Durante a ditadura, o Brasil chegou a votar a favor de uma resolução na ONU que equiparava o sionismo ao racismo. Durante a era Dilma, houve atritos após o Brasil criticar ações de Israel em Gaza. Já Bolsonaro, que tinha afinidade com a ultradireita de Israel, promoveu uma aproximação nunca antes vista. Mas ele também fragilizou o Brasil, como potencial mediador ao se afastar dos palestinos.
Hoje, com Lula, o Brasil, que ocupa a presidência rotativa do Conselho de Segurança, continua com sua histórica posição firme da solução de dois Estados.
Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.
Já é assinante? Faça login