O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a falar em ‘equilíbrio’ e ‘isenção’ ao tratar da sua postura diante da invasão russa à Ucrânia. O Brasil tem sido criticado por não adotar uma postura mais enfática de condenação a Vladimir Putin, como fazem outros países ocidentais. Segundo o ex-capitão, no entanto, apesar das críticas, sua postura diante do conflito tem sido ‘exemplar’.
“A nossa postura tem mostrado para o mundo como estamos agindo nesse episódio. Estamos conectados com o mundo todo e o equilíbrio, a isenção e o respeito a todos se faz valer pelo chefe do Executivo. O Brasil não mergulhará numa aventura”, disse Bolsonaro em seu discurso durante o evento de início do novo contrato das rodovias Presidente Dutra e Rio-Santos, em São José dos Campos, São Paulo, nesta sexta-feira 4.
“ O Brasil tem o seu caminho, respeita a liberdade de todos. Faz tudo pela paz. Mas em primeiro lugar, temos que dar exemplo para isso”, acrescentou o ex-capitão sobre o conflito.
Bolsonaro esteve com Putin poucos dias antes do início dos conflitos. Na ocasião disse vagamente ‘ser solidário’ ao país. O ex-capitão justifica sua ‘neutralidade’ pela dependência brasileira dos fertilizantes russos. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, já garantiu que o Brasil tem estoque até setembro e que busca outras alternativas ao potássio russo. O governo tenta usar o conflito para pressionar deputados pela liberação de mineração e grilagem em terras indígenas.
A postura de Bolsonaro contrasta também com as ações da diplomacia brasileira em eventos recentes que trataram do conflito na Ucrânia. Na ONU, na quarta-feira 2, o Brasil votou favoravelmente a uma resolução contra a invasão russa. O País foi o único integrante dos BRICS a votar a favor da medida.
Ainda no discurso, Bolsonaro voltou a citar o episódio da facada alegando ser uma ‘tentativa de homicídio de um militante do PSOL’. A falsa associação do caso com o partido já rendeu uma condenação ao blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio por difamação, com pena de prisão e multa determinados pela Justiça do Paraná.
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