O que Bolsonaro tem compartilhado no WhatsApp sobre sua possível condenação no TSE

Críticas a ministros da Corte Eleitoral e revolta com as provas incluídas no processo são algumas das mensagens encaminhadas pelo ex-capitão em um grupo de mensagens do PL

(Foto: Isac Nóbrega/PR)

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem encaminhado, nos últimos dias, uma série de mensagens no WhatsApp sobre o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode terminar nesta quinta-feira 29 decretando a sua inelegibilidade. O teor das mensagens foi revelado pelo jornal Folha de S. Paulo.

Bolsonaro tem dito, no aplicativo, que as provas que o TSE adicionou ao processo, como o caso da minuta golpista encontrada na casa do ex-ministro Anderson Torres seriam ‘uma vergonha’. A crítica ecoa a principal linha de sua defesa no caso. A mensagem, inclusive, é acompanhada, de acordo com o jornal, por um trecho da sustentação oral do seu advogado, Tarcísio Vieira.

Em outra mensagem do ex-capitão é possível ler críticas aos ministros da Corte Eleitoral. Neste caso, os alvos são Floriano de Azevedo Marques e André Ramos Tavares, terceiro e quarto a votar no caso. O ataque principal feito por Bolsonaro é de que os dois membros do TSE deveriam se declarar impedidos de julgar a ação. Há, nas palavras do ex-capitão, “conflito de interesse claro”.

O argumento, neste caso, é que Azevedo Marques já apontou crimes de responsabilidade contra Bolsonaro em cinco oportunidades. Os crimes de responsabilidade de um presidente são puníveis com impeachment. Tavares, por sua vez, teria produzido um relatório em defesa de Dilma Rousseff (PT) na ocasião do impeachment. Ele também seria autor de um parecer que defendia a elegibilidade de Lula (PT) em 2018.

“Conflito de interesse claro. Esses juízes deveriam se declarar impedidos”, escreveu Bolsonaro na mensagem.

As avaliações e comentários sobre seu julgamento foram compartilhadas por Bolsonaro de seu número pessoal em um grupo que reúne deputados do PL. De acordo com o jornal, o grupo tem 81 membros e foi criado dois dias antes do início do julgamento no TSE, por iniciativa do ex-presidente. As configurações permitem que apenas Bolsonaro, único administrador, encaminhe mensagens.


Após a revelação do jornal, a assessoria do ex-presidente afirmou que ‘o grupo foi criado como meio de transmissão de mensagens para a sua base e que já foi desfeito’. A última movimentação no grupo teria ocorrido na sexta-feira, quando Bolsonaro compartilhou dois vídeos, mas não teceu comentários. A assessoria de Bolsonaro disse também que o presidente não emitiu opinião sobre o julgamento.

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