A Polícia Federal, por ordem do ministro da Justiça Flávio Dino, deve iniciar nesta segunda-feira 6 o inquérito para apurar a suposta tentativa da família Bolsonaro de trazer ilegalmente joias da Arábia Saudita para o Brasil. Documentos revelaram, ao longo do final de semana, que Jair Bolsonaro e seus aliados teriam atuado para que Michelle Bolsonaro ficasse com itens que somam mais de 16 milhões de reais.
Para tentar elucidar o caso, a PF espera iniciar, ainda nesta semana, uma série de depoimentos. Em entrevista reservada ao jornal O Globo, delegados sinalizaram que já planejaram a ordem das oitivas que permitirão traçar uma linha temporal e compreender o papel de cada um dos envolvidos na tentativa de se apossar dos bens dados pelo regime saudita ao Brasil.
De acordo com o roteiro traçado pelos agentes ao jornal, os primeiros a serem ouvidos devem ser os funcionários da Receita Federal que apreenderam as joias. A intenção é saber exatamente quais foram os integrantes do antigo governo que solicitaram a liberação das joias. São eles que também indicarão à PF qual nível de pressão cada um dos envolvidos fez contra os funcionários da Receita e quem seria o mandante da ação.
Em seguida, a PF deverá ouvir o ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e seu auxiliar, Marcos Soeiro, responsáveis por trazer as joias ao Brasil. A lista de oitivas deve então seguir pelas demais autoridades – listadas pelos funcionários da Receita e em documentos revelados pelo jornal O Estado de S. Paulo – que participaram das oito tentativas de liberação dos itens.
Há ainda, segundo os delegados consultados pelo jornal, a intenção de ouvir membros do governo da Arábia Saudita para tentar confirmar que Jair e Michelle seriam os destinatários finais das joias, como apontado pelo ex-ministro de Minas e Energia. Este passo, porém, tende a ser mais complexo e deve ocorrer apenas após a oitiva das autoridades brasileiras.
Por fim, só depois de ouvir toda esta lista é que a PF deverá chamar Jair e Michelle para depor. Este seria, segundo os delegados, o último passo para concluir a investigação. Não há, portanto, prazo determinado para que o casal seja ouvido. Ao jornal, a própria defesa do ex-capitão e sua esposa dizem acreditar ser muito difícil que os dois não sejam convocados a depor no caso.
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