CartaExpressa
Presidente do setor funerário convida Bolsonaro a ser coveiro por um dia
Lourival Panhozzi critica a atuação do presidente na pandemia e fala do iminente colapso
O presidente da Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário, Lourival Panhozzi, afirmou na quinta-feira 11 que o setor começa a entrar em colapso. Em entrevista à CNNBrasil, ele pediu medidas urgentes de contenção.
“O nosso setor está sendo testado ao limite. Várias regiões já estão trabalhando em sua capacidade máxima. E, se não forem tomadas medidas urgentes de contenção, contra o descontrole no aumento de casos, nós vamos ter um cenário muito preocupante. Estamos à beira do colapso. Estamos suportando, temos limites, mas é bom que a sociedade não teste o nosso limite”, afirmou.
Panhozzi ainda criticou a condução do presidente Jair Bolsonaro e o convidou para ser coveiro por um dia.
“O presidente Bolsonaro disse que não é coveiro, né? Convido a ser coveiro para ficar um dia numa funerária. Só um dia, para acompanhar as famílias que estão perdendo parentes, para ter a real noção do que está acontecendo no Brasil. Não estamos sepultando urnas, estamos sepultando pessoas”, disse.
“O Brasil tinha, antes, uma média de 100 mil óbitos por mês. Esse número se elevou muito. Antes eram em poucas regiões, agora está disseminado em todo Brasil, mas principalmente no estado de São Paulo. Então, várias empresas estão trabalhando com o dobro de óbitos normais. Em Mogi eu fazia sete óbitos por dia. Ontem fiz 23 em um dia”, esclarece.
O País registrou na quinta o segundo maior número de mortes por Covid-19 em 24 horas: 2.233. Na véspera, houve o registro recorde de 2.286 óbitos. O total de vítimas fatais da doença chegou a 272.889, segundo divulgado pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.