CartaExpressa

STF decide que injúria racial pode se equiparar ao crime de racismo e ser imprescritível

Kassio Nunes Marques, ministro indicado por Jair Bolsonaro, foi o único a divergir

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal. Foto: Nelson Jr./SCO/STF
Apoie Siga-nos no

Por 8 votos a 1, o Supremo Tribunal Federal decidiu nesta quinta-feira 28 que o crime de injúria racial pode ser equiparado ao de racismo e considerado imprescritível.

A injúria racial está tipificada no artigo 140 do Código Penal, que trata de “ofender a dignidade ou o decoro”. Em seu artigo 3º, a lei determina que “se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência”, a pena é de reclusão de um a três anos e multa. O crime de racismo está previsto na Lei 7.716/89.

O julgamento começou em novembro do ano passado, com o voto do relator, Edson Fachin, para quem o racismo é uma “chaga infame, que marca a interface entre o ontem e o amanhã”.

Em dezembro, Kassio Nunes Marques votou contra a possibilidade de tornar a injúria racial imprescritível, sob a alegação de que a competência seria do Congresso Nacional. Alexandre de Moraes, que havia pedido vista, acompanhou Fachin nesta quinta.

“Amanhã, o Congresso pode estabelecer outros tipos penais que permitam o enquadramento das modalidades de racismo. O que a Constituição torna imprescritível é qualquer prática de condutas racistas, e essa prática da paciente foi uma conduta racista”, afirmou Moraes. Luís Roberto Barroso, Ricardo Lewandowski, Luiz Fux, Rosa Weber, Dias Toffoli e Cármen Lúcia também seguiram o relator.

O caso analisado pelo STF é o de uma mulher de 79 anos, condenada a um ano de prisão em 2013 por atacar, com ofensas de cunho racial, a frentista de um posto de gasolina. A defesa argumentava que ela não poderia mais ser punida, devido à prescrição do crime.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

 

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.