007 – Operação Skyfall
Sam Mendes
Sentado num banco da National Gallery londrina, James Bond admira The Fighting Temeraire, a famosa pintura de J.M.W. Turner com o navio homônimo rebocado para aposentadoria depois de longa folha de serviços prestados a sua majestade. A charada é evidente, mas a essa altura divertida e bem elaborada, como é no mais 007 – Operação Skyfall, a 23ª aventura do agente secreto britânico que estreia sexta 26.
A contemplação se deve a um protagonista (na atual interpretação do durão sensível de Daniel Craig) na crise de avançada idade, ao menos para tudo que sabemos requerer seu ofício, para o qual não mais enxerga com precisão a mira, corre ou salta na condição ideal. Um herói a alguns passos do estaleiro, como preconiza seu novo e imberbe colaborador (Ben Whishaw), prestes a ser substituído como a embarcação de Turner.
O filme de Sam Mendes investe no perfil do homem falível e também nas questões de confiança e lealdade que ligam Bond à autoridade imediata M. (Judi Dench). Esta relação de espelhamento entre o declínio do agente e a ameaça do fim da gestão de M pelo governo (no personagem de Ralph Fiennes) devido a recentes fracassos é intensificada pela interferência de um antigo colaborador do serviço secreto tornado vilão (Javier Bardem). Na tentativa de compreender a vingança do ex-colega, ele retornará às raízes escocesas e enfrentará suas perdas. Mas nem tudo são pedras para Bond, como atesta seu intocado charme com as mulheres.