Curumin construiu a primeira parte e o refrão da canção. O multiartista Vitor Hugo fez a segunda parte e a cantora e compositora Tulipa Ruiz ainda colocou um trecho no final da composição. E a jovem Nellê pôs uma rima no meio da música. O resultado foi o potente pop-soul Púrpuras, lançado há alguns dias no Youtube.
O músico e produtor Curumin mostra autoridade na sua arte. O single caminha pelo soul brasileiro e vai incorporando elementos sonoros contemporâneos. A canção ganha mais vigor quando entra a voz de Nellê, soltando versos acentuados.
Nellê é uma cantora em início de carreira, que Curumin vinha acompanhando. “Tem tempo que queria fazer um som com a Nellê. Ela se destaca na canção”, diz.
Púrpuras remete à diversidade estética desse criativo cantor, compositor e multi-instrumentista. O clipe tem a direção da paraense Ane Oliveira. Assina ainda a canção Anelis Assumpção, filha de Itamar Assumpção e mulher de Curumin.
O último trabalho lançado por Curumin foi Boca (2017). Foi o quarto da carreira. “Lanço disco a cada cinco anos”, diz. Nesse ritmo, trabalha para produzir e apresentar novo álbum no ano que vem.
Indústria
Na pandemia, aproveitou para estudar, experimentar, compor e desenvolver ideias que pretende colocar no novo disco. Curumin também aproveitou esse tempo para tentar entender o novo momento da música.
“Tenho percebido que os lançamentos têm sido mais fugazes. E fazer um disco é um trabalho profundo, que demora, exige uma atenção muito grande”, conta.
Curumin explica que o Púrpuras segue a linguagem atual. “Estou com a intenção de lançar singles mais pops. E quando for fazer um disco, ser menos pop e mais de novas experiências”, revela.
O Púrpuras foi seu primeiro lançamento neste período da pandemia, com boa aceitação. O músico pretende lançar pelo menos mais três no início do ano que vem.
Experiente na indústria da música, com atuação em várias frentes, diz que o momento é delicado.
“Agora que a gente vai começar a entender o mercado. Tem a ponta das gravações, dos discos, dos lançamentos e tem a ponta que faz a indústria rodar, que são os shows, as apresentações, as turnês”, diz. “Já dá para perceber que vai ser mais difícil essa segunda ponta”.
O músico e produtor avalia que os custos altos hoje para viajar, incluindo passagem, hospedagem e alimentação, inviabilizarão muitas turnês de artistas pelo País.
“Enquanto as pessoas estão super querendo música, vamos esbarrar com as dificuldades econômicas grandes”, afirma, prevendo um 2022 complicado.
O chamado home studio, ou estúdio montado em casa e que se difundiu nos últimos tempos, na pandemia foi a saída para muitos músicos continuarem produzindo sem gastar muito.
“Hoje tem uma facilidade tecnológica que dá pra fazer muita coisa em casa”, avalia Curumin, mas, por outro lado, a alta do dólar também impede a aquisição de novos equipamentos e acessórios às vezes essenciais para gravação. “O momento é difícil”, conclui o produtor.
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