Expressão na gaita, Flávio Guimarães vê público ávido por música boa

Fundador do emblemático Blues Etílicos diz que 'existe grande segmento da população que prefere música de viés mais criativo'

Foto: Renata Duarte/Divulgação

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Flávio Guimarães é uma das principais referências no País da harmônica, ou gaita como é conhecida no Brasil. Um dos fundadores há 36 anos do Blues Etílicos, emblemática banda de blues brasileira, carrega na bagagem, além de ter tocado com quase todo mundo por aqui, a participação em shows de lendas do gênero, como Buddy Guy, Sugar Blue e Taj Mahal.

Ele tinha um álbum pronto para ser lançado este ano com o cantor e guitarrista norte-americano Little Joe McLerran. Uma série de shows estavam marcados aqui e nos Estados Unidos. Por conta da pandemia, ficou tudo para 2022.

Nesse período de adiamento dos planos de apresentação de mais um trabalho fonográfico [Flávio Guimarães já lançou uma dezena de álbuns solos], o instrumentista vê o mercado da música em mudança rápida na quarentena.

“A velocidade das transformações é um fato. Temos de nos reinventar a cada momento. Novos formatos estão sendo criados”, avalia.

Mas crê que os shows presenciais retornarão com a força de antes. Principalmente a cena em que faz parte, a do blues, que cresceu nos últimos 30 anos no país. O músico vê o mercado aberto para o que faz.

“Na minha opinião existem dois tipos distintos de música no Brasil. A mais popular é a música de entretenimento, a música das massas. É uma indústria forte, com grande investimento em marketing. Essa música é vista como um produto comercial, independente do profissionalismo envolvido”, afirma.


“O outro tipo de música engloba milhares de artistas e compositores voltados em preservar tradições musicais sob um viés mais artístico e criativo. Existe um grande segmento da população que prefere o segundo tipo, pois não digere bem a música de entretenimento que é predominante no país”.

Em suas redes sociais, o instrumentista oferece cursos online de gaita com sucesso. “Muita gente acredita que a harmônica, por ser um instrumento pequeno e relativamente barato, é fácil de aprender”, avalia.

“O fato é que muita gente em algum momento comprou uma harmônica e tentou tocar, mas acabou desistindo por falta de tempo e dedicação. Com a pandemia e tendo de ficar mais em casa, o pessoal resolveu retomar esse projeto”.

Ele diz que o bem-sucedido trabalho na internet, inclusive com aulas particulares pelo Skype, desenvolveu bastante nesses últimos 15 meses sua didática.

Do lado do Blues Etílicos, que tem uma bela discografia, foi lançado o álbum Puro Malte em 2013, depois o comemorativo de 30 anos da banda e um EP intitulado 3000 (2019). “Sem dúvida é um sonho de todos nós voltar aos estúdios para gravar um novo álbum”, diz. A gente também espera, desse que é um dos grupos musicais brasileiros contemporâneos mais virtuoso.

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