Cultura
Invasões bárbaras
O bolsonarismo é advento do espírito antimoderno, espelho de uma ojeriza secular ao contemporâneo
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A violação dos edifícios dos Três Poderes no domingo 8 foi, além de uma tentativa de golpe, um ato de terrorismo simbólico duplo. Vimos, de um lado, a negação imagética da posse de Lula. De outro, a mais perfeita tradução da repulsa bolsonarista ao projeto brasileiro de modernidade cultural e política.
Para a compreensão maior do desastre é preciso olhar, primeiro, para o que houve na semana anterior ao quebra-quebra. Depois, para o velho desprezo da direita brasileira pelas criações dos nossos muitos modernismos e pelo sistema institucional que mantém sua chama acesa. Na virada do ano, as esquerdas e os movimentos sociais progressistas ocuparam a capital federal com suas bandeiras e festejos, suas cores e valores, afinados na defesa da institucionalidade democrática. Viu-se ali um catártico sentimento de refundação e desforra que, exagerado ou não, dominou os trend topics da web por dias a fio.
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Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
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