Cultura

O inventor da estrela

Josef von Sternberg ingressou aos 18 anos no cinema, trabalhando na limpeza e restauração de filmes e em 1925 dirigiu seu primeiro filme, ‘O Anjo Azul’. Seu estilo que na época foi considerado “obsoleto” e hoje é cultuado

Joseph von Sternberg, o diretor com influência determinante
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“Miss Dietrich sou eu, eu sou Miss Dietrich.” A frase de Josef von Sternberg (1894-1969) diz quase tudo sobre seu lugar na história do cinema. Poucas vezes houve uma relação tão profunda entre uma estrela e seu criador.

Filho de um ex-soldado judeu do Império Austro-Húngaro, Sternberg passou a infância entre Viena, sua cidade natal, e Nova York. Por falta de recursos, abandonou o colégio aos 15 anos e passou por inúmeros subempregos até ingressar aos 18 no cinema, trabalhando na limpeza e restauração de filmes.

Inquieto, foi ator e assistente nos EUA e na Europa. Estreou na direção com The Salvation Hunters (1925), sucesso de crítica e fracasso de público. Em 1930, o ator Emil Jannings e o produtor Erich Pommer o convidaram para dirigir O Anjo Azul, o primeiro filme sonoro alemão. Sternberg escolheu para o papel da fatal Lola Lola a então desconhecida e gordinha Marlene Dietrich.

Fascinado pela atriz, de quem se tornaria um dos inúmeros amantes, o cineasta levou-a a Hollywood, com o intuito de torná-la uma nova Greta Garbo. Fizeram sete filmes juntos. Dietrich libertou-se da parceria, filmando depois com Welles, Lang e Wilder. Sternberg entrou em atrito com a Paramount, perdeu o controle sobre seus filmes e entrou em amarga decadência.

“Em todo filme que se preze, o diretor é a influência determinante, a única influência, exercida despoticamente ou não”, escreveu Sternberg, que era tido como arrogante e obsessivo. Seu estilo barroco, rebuscado, no qual os atores eram pouco mais que manchas de tinta na tela, foi logo considerado “obsoleto”. Hoje é cultuado como grande arte.

DVD

O anjo azul (1930)


Immanuel Rath (Emil Jannings), um rígido professor de colégio, apaixona-se por uma cantora e dançarina do cabaré Anjo Azul, Lola Lola (Marlene Dietrich), e tem sua vida virada do avesso. A adaptação, por Sternberg, do romance de Heinrich Mann, tornou-se um marco do cinema e lançou Dietrich ao estrelato.

A Vênus loira (1932)


Um químico americano (Herbert Marshall) casa-se com uma artista de boate alemã (Dietrich), mas se contamina com rádio e vai à Alemanha para tratamento. Para pagar as despesas, ela volta a trabalhar na noite, tornando-se a Vênus Loira, e tem um caso com um milionário (Cary Grant). Quando o marido volta, descobre a traição.

A mulher satânica (1935)


Narrada em flashback, a história de dois homens de gerações diferentes (Lionel Atwill e Cesar Romero) que se envolvem com a mesma mulher fatal (Dietrich) num carnaval na Espanha, no início do século XX. A imaginação delirante de Sternberg chega quase ao surrealismo neste que é o último filme do qual ele deteve o controle.

“Miss Dietrich sou eu, eu sou Miss Dietrich.” A frase de Josef von Sternberg (1894-1969) diz quase tudo sobre seu lugar na história do cinema. Poucas vezes houve uma relação tão profunda entre uma estrela e seu criador.

Filho de um ex-soldado judeu do Império Austro-Húngaro, Sternberg passou a infância entre Viena, sua cidade natal, e Nova York. Por falta de recursos, abandonou o colégio aos 15 anos e passou por inúmeros subempregos até ingressar aos 18 no cinema, trabalhando na limpeza e restauração de filmes.

Inquieto, foi ator e assistente nos EUA e na Europa. Estreou na direção com The Salvation Hunters (1925), sucesso de crítica e fracasso de público. Em 1930, o ator Emil Jannings e o produtor Erich Pommer o convidaram para dirigir O Anjo Azul, o primeiro filme sonoro alemão. Sternberg escolheu para o papel da fatal Lola Lola a então desconhecida e gordinha Marlene Dietrich.

Fascinado pela atriz, de quem se tornaria um dos inúmeros amantes, o cineasta levou-a a Hollywood, com o intuito de torná-la uma nova Greta Garbo. Fizeram sete filmes juntos. Dietrich libertou-se da parceria, filmando depois com Welles, Lang e Wilder. Sternberg entrou em atrito com a Paramount, perdeu o controle sobre seus filmes e entrou em amarga decadência.

“Em todo filme que se preze, o diretor é a influência determinante, a única influência, exercida despoticamente ou não”, escreveu Sternberg, que era tido como arrogante e obsessivo. Seu estilo barroco, rebuscado, no qual os atores eram pouco mais que manchas de tinta na tela, foi logo considerado “obsoleto”. Hoje é cultuado como grande arte.

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O anjo azul (1930)


Immanuel Rath (Emil Jannings), um rígido professor de colégio, apaixona-se por uma cantora e dançarina do cabaré Anjo Azul, Lola Lola (Marlene Dietrich), e tem sua vida virada do avesso. A adaptação, por Sternberg, do romance de Heinrich Mann, tornou-se um marco do cinema e lançou Dietrich ao estrelato.

A Vênus loira (1932)


Um químico americano (Herbert Marshall) casa-se com uma artista de boate alemã (Dietrich), mas se contamina com rádio e vai à Alemanha para tratamento. Para pagar as despesas, ela volta a trabalhar na noite, tornando-se a Vênus Loira, e tem um caso com um milionário (Cary Grant). Quando o marido volta, descobre a traição.

A mulher satânica (1935)


Narrada em flashback, a história de dois homens de gerações diferentes (Lionel Atwill e Cesar Romero) que se envolvem com a mesma mulher fatal (Dietrich) num carnaval na Espanha, no início do século XX. A imaginação delirante de Sternberg chega quase ao surrealismo neste que é o último filme do qual ele deteve o controle.

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