Cultura
‘Seria ignorância não me posicionar contra um governo que mata minha população’, diz WD
‘Não se posicionar mediante o cenário político que estamos vivendo só demonstra uma coisa: que a pessoa é conivente’, diz o cantor e compositor
![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2022/06/WD-2_crédito-Márcio-Farias.jpeg)
Cantor e compositor de 29 anos, WD está prestes a lançar um álbum musical neste ano com fortes temáticas sociais e raciais. A marca já está presente no 1º single do trabalho, Periferia, divulgado no início deste mês com um videoclipe de referências diretas ao cotidiano de violência e de privação de direitos básicos no bairro em que morava, o Jardim Conceição, na cidade de Campinas, no estado de São Paulo.
Em entrevista a CartaCapital, na segunda-feira 27, WD contou sobre a sua trajetória profissional desde quando cantava em uma igreja evangélica até ganhar notoriedade no ano passado, ao participar do programa The Voice Brasil, da TV Globo, onde chegou a emocionar a cantora Iza com uma música autoral chamada Eu sou.
A caminhada do artista incluiu passagens em outros realities, até no exterior – WD também apresentou o seu trabalho no programa Got Talent Uruguay.
Conforme conta na entrevista, o percurso foi cheio de altos e baixos, com dificuldades comuns a quem nasceu sem os mesmos privilégios de celebridades brancas que sempre foram ricas. Além de ter origem pobre, WD teve de lidar com o fato de ser um homem negro e bissexual diante de uma sociedade racista e LGBTfóbica.
Ver essa foto no Instagram
Segundo observa WD, o atual cenário econômico aprofundou a crise de oportunidades para os seus semelhantes. O artista, então, diz usar a sua arte para vocalizar os problemas enfrentados por sua comunidade, sobretudo durante o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Eu vivo dentro do olho do furacão. Seria muita ignorância não me posicionar contra um governo que mata a minha população”, afirma. “Não se posicionar mediante o cenário político que estamos vivendo só demonstra uma coisa: que a pessoa é conivente. Acho que conivência é pior do que quem realiza o ato.”
A entrevista está disponível na íntegra no canal de CartaCapital no Instagram e faz parte de uma série de três entrevistas especiais para o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, celebrado em 28 de junho.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.
Leia também
![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2022/06/johnny-hooker-300x180.jpg)
Johnny Hooker: ‘Parece que o futuro foi cancelado’
Por Augusto Diniz![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2021/11/Paulo-Ohana-3_credito-da-foto-Jose-de-Holanda-1-300x180.jpg)
Paulo Ohana expõe com coragem temática homoafetiva em álbum
Por Augusto Diniz![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2022/06/Parada-LGBT-3-1-300x180.jpg)