Bullying
Lee Hirsch
Um tema atual que se imponha inevitável ao cinema pode resultar num filme em que a urgência passe por cima da qualidade. Não é o caso do documentário Bullying, estreia da sexta 7. O diretor Lee Hirsch é dedicado ao percorrer os Estados Unidos e averiguar casos de um trauma não só local. Adolescentes que são vítimas do incômodo de colegas por serem considerados diferentes.
O que talvez não surja tão evidente é o limite desse incômodo. De cara, o realizador traz a dor do pai frente à morte do filho, tragédia que relacionamos à atitude dos companheiros de escola, mas nem tanto ao suicídio, gesto comum. A maioria das situações flagra a vivência cotidiana do bullying, como o de Alex. Alvo de violência, ele não consegue revidar como fez Ja’Maya ao furtar o revólver da mãe e quase cometer uma chacina. A habilidade de Hirsch nos leva para os palcos da humilhação, como o ônibus escolar, mas a família também é núcleo de dureza aos adolescentes, cobrados por sua passividade. Ao confrontar a responsabilidade de pais, professores e da direção das instituições, o filme atenta ao despreparo de todos em lidar com um mal que não é inédito nem pontual.