Seria fácil compreender Cosmópolis pelo que tem de relação mais óbvia com a atualidade, tanto no livro de Don DeLillo como no filme de David Cronenberg que chega sexta 7 às telas. Um jovem milionário do mercado financeiro, interpretado por Robert Pattinson, passa todo o tempo dentro de sua limusine assistindo pela janela ao mundo, que se basta em Nova York e seus conflitos. Lá fora há manifestações e outras ocorrências que colocam em xeque uma nova direção da economia. O protagonista segue impassível e deixa que as notícias lhe cheguem por alguns poucos personagens em visita ao seu bunker de rodas. Ali ele se alimenta, ordena seus negócios e até faz sexo. É um predador, por fim, na acepção mais ampla da palavra.
No mais recente Festival de Cannes, onde esteve na competição, Cronenberg refutou a superficialidade de comparar o personagem a um simples vampiro capitalista. Há atitudes a justificá-lo, como a de ter deixado de lado algumas referências sobre Erick Parker, o protagonista, a exemplo de possuir um tubarão em casa. Não se exime tão bem do molde um tanto teatral do filme, que limita a narrativa principalmente na insistência de enquadrar quase todo o tempo o rosto de Pattinson. São mais bem-sucedidas as interrupções desse formato, quando surgem coadjuvantes com nuanças e rivalidades aguçadas, caso de Mathieu Amalric e Paul Giamatti.