Diversidade
Presidente de Senegal nega que proibir homossexualidade seja homofobia
“As leis de nosso país obedecem normas que são o condensado de nossos valores culturais e civilizatórios”, declarou o presidente
![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2020/02/President_Macky_Sall_of_Senegal_8102321986-1.jpg)
A proibição à homossexualidade no Senegal se deve a razões culturais que não têm “nada a ver” com a homofobia, afirmou o presidente do país, Macky Sall, nesta quarta-feira 12, na presença do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau.
“Sempre defendo os direitos humanos e trago essas questões para onde quer que eu vá”, afirmou Trudeau em coletiva de imprensa conjunta em Dacar. “O presidente Macky Sall conhece muito bem meus pontos de vista a respeito, e falamos disso brevemente”, acrescentou.
Sall confirmou que o assunto, delicado neste país da África Ocidental, foi abordado durante as reuniões. “As leis de nosso país obedecem normas que são o condensado de nossos valores culturais e civilizatórios”, declarou. “Isso não tem nada a ver com a homofobia. Quem tem a orientação sexual de sua escolha não é alvo de exclusão”, reiterou.
Mas, ao ser questionado por um jornalista sobre de que modo as leis que proíbem a homossexualidade não são uma mostra de homofobia, Sall evitou responder. Contudo, deixou a porta aberta a uma mudança.
“Tampouco podemos pedir ao Senegal que diga: ‘amanhã legalizamos a homossexualidade e, amanhã há aqui uma parada gay, etc'”, acrescentou, referindo-se a marchas do orgulho LGTB celebrados em outras regiões do mundo.
“Isso não é possível porque nossa sociedade não aceita isso. A sociedade evoluirá, isso levará um tempo”, disse o presidente senegalês.
No Senegal, a lei pune com penas de um a cinco anos de prisão os atos homossexuais. O código penal se refere a “atos impudicos ou contra a natureza com um indivíduo do mesmo sexo”. Mais da metade dos países da África subsaariana – 28 de 49 – têm leis que príbem ou reprimem a homossexualidade, eventualmente com pena de morte.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.