A acessibilidade digital continua sendo um desafio significativo para as empresas brasileiras. Segundo a pesquisa Panorama da Acessibilidade Digital, desenvolvida pela startup Hand Talk, 54% das empresas ainda lutam com a falta de conhecimento e políticas adequadas para promover a inclusão digital.
Este estudo revela que, apesar do crescente foco em diversidade e inclusão, a acessibilidade na web permanece um objetivo distante para muitas organizações.
Diversidade e inclusão ganham destaque
A pauta de diversidade e inclusão tem se tornado cada vez mais relevante nos ciclos sociais e corporativos, impulsionada pelo conceito ESG e pela ampliação do acesso à informação.
De acordo com a pesquisa da Hand Talk, 79% das empresas no Brasil já priorizam o pilar social em suas estratégias. No entanto, quando o tema é acessibilidade digital, a falta de conhecimento sobre o conceito é um obstáculo para mais da metade das companhias.
Ronaldo Tenório, CEO e cofundador da Hand Talk, observa: “Muitas empresas demonstram interesse em se tornarem mais inclusivas, mas ainda falta a criação de políticas concretas. Estratégia é entender o impacto positivo para a sociedade e para o negócio, e muitas organizações ainda estão caminhando nessa direção.”
Lacunas na educação corporativa
A pesquisa, realizada entre junho e julho de 2023, com 647 participantes, incluindo executivos, pessoas com deficiência e especialistas em acessibilidade digital, aponta que mais de 61% das empresas não oferecem cursos relacionados à acessibilidade digital.
Além disso, 42% das empresas não contratam especialistas no tema. “É necessário educar as organizações sobre a importância do pilar social e das estratégias de diversidade e inclusão, além de promover uma internet acessível para todos”, explica Tenório.
Foco na inclusão interna e externa
O estudo revela que 30% das empresas se preocupam com a inclusão dos funcionários, enquanto apenas 18% focam na inclusão dos consumidores. Tenório comenta: “É importante que as empresas adotem iniciativas que atendam tanto aos colaboradores quanto aos consumidores de forma equilibrada. Investir em acessibilidade digital é crucial para ambas as partes.”
Para alcançar esse objetivo, Tenório sugere que as empresas reavaliem seus princípios organizacionais e criem indicadores para medir o impacto da acessibilidade. “Algumas empresas priorizam mais o assunto por questões estratégicas, mas é um ponto que deve ser constantemente questionado e aprimorado”, afirma.
Regulamentação e práticas de acessibilidade
O estudo destaca que 65% das empresas seguem as diretrizes da Lei Brasileira de Inclusão (Lei 13.146/2015). Empresas com mais de 10 mil colaboradores tendem a adotar essas regulamentações com mais prioridade.
Além disso, 40% das empresas investem em políticas de acessibilidade e contratam especialistas.
Tenório conclui: “Campanhas de conscientização e uma regulamentação mais específica são necessárias. Realizar testes de usabilidade e promover diálogos abertos com pessoas com deficiência são passos essenciais para elevar a discussão sobre diversidade e inclusão digital a um novo nível.”
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