Economia

Aumento do consumo alavancou investimento na era Lula, aponta estudo

Em artigo, o economista João Sicsú desconstrói tese de que fortalecimento do mercado interno promoveu apenas o endividamento das famílias

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Em artigo acadêmico recém-publicado, o economista João Sicsú, professor do Instituto de Economia da UFRJ e colunista de CartaCapital, desconstrói a tese de que os governos Lula devam ser classificados como uma “era do consumo”.

Segundo ele, as medidas para fortalecer o mercado interno tiveram efeito bastante positivo sobre os investimentos no País. O especialista demonstra que, enquanto o aumento do consumo entre 2003 e 2010 foi de 48,2%, os investimentos tiveram alta de 74,3% no mesmo período.

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Sicsú demonstra que a expansão do consumo culminou principalmente no aumento dos investimentos e na redução do desemprego. O endividamento das famílias, variável muitas vezes vaticinada pelos críticos de Lula como responsável pela recessão e desajuste fiscal posterior, não foi determinante para a desaceleração econômica, defende Sicsú.

Segundo o economista, “analistas da mídia hegemônica no Brasil” e “grande parte do senso comum” atribui aos anos Lula o rótulo de “era do consumo” como uma forma de diminuir as conquistas daquele anos. “São estabelecidas uma hierarquia e uma classificação: o consumo é algo inferior e quase ruim e o investimento é muito bom e superior”. Outra tendência desses grupos é de associar o aumento do consumo ao endividamento das famílias, diz.

Sicsú elenca a política de valorização do salário mínimo, a implantação do crédito consignado, a instituição do Bolsa Família e “a bancarização da população de baixa renda” como “abre-alas” da política de ampliação do consumo por Lula. As intervenções permitiram a ampliação do investimento, como ele demonstra em seguida.

De acordo com a teoria keynesiana clássica, argumenta Sicsú, é o investimento público que puxa o consumo, e não o contrário. Um volume maior de investimentos públicos resultaria em uma rodada de aumento do emprego, do consumo e, posteriormente, do investimento privado. Para Sicsú, como o governo Lula tinha dificuldades em expandir o investimento público, optou por expandir o consumo para movimentar a economia.

O economista demonstra, então, como a expansão do consumo teve impacto sobre a diminuição do desemprego, que caiu mais de 50% entre 2003 e 2010. De acordo com a análise, as medidas adotadas pelo ex-presidente passaram a apresentar “resultados contundentes sobre o investimento a partir de 2006-7”.

leia a íntegra do artigo:

 

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