Há um fenômeno virulento e insidioso – porém quase imperceptível aos olhos da mídia e da maioria da população – a correr e corroer por dentro a estrutura estatal brasileira. Trata-se, desde o impeachment de 2016 e, mais ainda, desde o início do governo Bolsonaro, em 2019, do problema do assédio institucional, um fenômeno sociológico e jurídico novo e perturbador em âmbito federal.
Esse problema deixou de estar referenciado apenas ao âmbito psicossocial que lhe era próprio, para alcançar uma dimensão política superior, com nefastas implicações sobre a esfera pública. Ao mesmo tempo, deixou de ser um fenômeno esporádico ou localizado, como no passado, para se tornar, em razão da escala, método e funcionalidade que hoje possui, um instrumento patológico de gestão, cuja prática intencional busca fazer avançar, simultaneamente: i) um tipo de liberalismo econômico fundamentalista e de índole autoritária; ii) ataques diuturnos ao que ainda resta da Constituição; e, ao fim e ao cabo, iii) a desconstrução do Estado Nacional, suas organizações, institucionalidades, políticas e servidores públicos.
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