Economia

Em Diadema, Lula defende programas sociais e alfineta Bolsonaro e o ‘mercado’

Em meio a esforços da Fazenda para acalmar ânimos, o presidente criticou foco do mercado financeiro no superávit primário

O presidente Lula em cerimônia no Palácio do Planalto, em 3 de julho de 2024. Foto: Evaristo Sá/AFP
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O presidente Lula (PT) disse lamentar, nesta sexta-feira, que a maior preocupação do chamado “mercado” seja com o superávit primário e não com programas voltados à população mais carente. As declarações foram feitas durante solenidade em Diadema, no interior de São Paulo.

“Lamentavelmente, sei que muita gente gostaria que todo dinheiro público fosse canalizado para o superavit primário, que os banqueiros não tivessem problemas de dinheiro, mas essa não é a minha preocupação. Fui eleito para cuidar das pessoas mais necessitadas deste País”, afirmou.

Na prática, o superávit seria o dinheiro que “sobra” nas contas do governo depois de pagar as despesas, exceto juros da dívida pública. Inicialmente, o arcabouço fiscal previa um superavit de 0,5% do PIB para o ano que vem. Em abril, porém, a equipe econômica alterou a meta fiscal e passou a considerar um déficit zero nas contas públicas.

As declarações de Lula ocorrem em meio a esforços da Fazenda para acalmar os ânimos de setores do mercado financeiro, que cobravam pela apresentação de um plano de ajuste fiscal. Em um gesto de conciliação, o ministro Fernando Haddad (PT) anunciou na quarta-feira um corte de quase 26 bilhões de reais em despesas obrigatórias no Orçamento de 2025.

Horas antes do evento em Diadema, o presidente já havia afirmado que seu governo tem responsabilidade fiscal e que o País não quebrará. Na cidade paulista, ele visitou as obras do Quarteirão da Educação, cujo investimento do governo federal é de 90 milhões.

Ao discursar, Lula também ironizou o caso envolvendo as joias sauditas recebidas por Jair Bolsonaro (PL) e que resultou no indiciamento dele e de outras onze pessoas nesta quinta-feira. O ex-presidente é acusado de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

O inquérito contra Bolsonaro foi brevemente mencionado no momento em que o petista afirmou não ter sentido estar na Presidência se não for para representar o povo brasileiro.

“Quando eu estiver fazendo uma coisa errada, ao invés de você falar: ‘o Lula está errando’, você tem que falar: ‘Eu estou errando, porque Lula é o nosso povo na presidência da República’. Senão, não teria nenhum sentido eu ser presidente da República. Para quê? Para receber colar de pedra preciosa?”, disse.

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