Economia

IBGE: 23,8% da força de trabalho brasileira é subutilizada

Apesar da queda no desemprego, grande parcela dos trabalhadores quer se ocupar por mais horas. Falta de trabalho pesa mais sobre jovens, mulheres e negros

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De toda a força de trabalho do mercado brasileiro, 23,8% está subutilizada. É o que mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua trimestral, divulgada nesta quinta-feira 17 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mesmo período, o desemprego atingiu 13%. O indicador agrega a taxa de desocupação, a de desocupação por insuficiência de horas e da força de trabalho potencial.

Só é considerado desocupado, e entra na estatística de desemprego, quem não está trabalhando, procurou emprego nos 30 dias anteriores à pesquisa e estava apto a começar a trabalhar. Mas existem outras situações medidas.

São considerados subocupados aqueles que trabalham menos de 40 horas por semana e gostariam de trabalhar mais. A força de trabalho potencial é formada por pessoas que gostariam de trabalhar, mas não procuram, ou procuraram mas não estavam disponíveis para trabalhar no momento da pesquisa. Mulheres que estão fora do mercado para cuidar dos filhos, por exemplo, entram nessa conta. A soma desse contingente é o que a economia brasileira desperdiça de mão de obra atualmente.

A soma desse contingente é o que a economia brasileira desperdiça de mão de obra atualmente, 26,3 milhões de pessoas. Em relação ao trimestre anterior, houve queda de 0,3 ponto porcentual, mas o indicador ainda está acima do verificado há um ano, 19,3%.

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Em entrevista recente à CartaCapital, o coordenador de trabalho e rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, afirmou que o movimento atual de queda do desemprego pode ser indício de retração de procura. “O trabalhador desiste de procurar por algum motivo. A estatística da desocupação, para os leigos, é um dado positivo. Mas as medidas de subutilização da força de trabalho podem mostrar que essa estabilidade da desocupação está escondendo um aumento da subutilização da força de trabalho”, explicou.

Os principais resultados da Pnad Contínua já foram divulgados no dia 28 de julho e mostraram que a taxa de desemprego atingiu 13% no trimestre encerrado em junho, quando a população desocupada somava 13,5 milhões. Os dados divulgados agora detalham os indicadores do mercado de trabalho, trazendo recortes por região, gênero, raça e faixa etária.

A subutilização da força de trabalho, por exemplo, é maior no Nordeste (34,9%) e menor na região Sul (14,7%). Piauí (38,6%), Bahia (37,9%) e Maranhão (37,7%) são os estados com as maiores taxas compostas de subutilização da força de trabalho. E os estados onde são observadas as menores taxas são Santa Catarina (10,7%), Mato Grosso (13,5%) e Paraná (15,9%).

O desemprego também penaliza mais o Nordeste. A taxa de desocupação caiu em todas as grandes regiões, exceto lá, onde houve estabilidade entre os primeiro e segundo trimestre do ano. Destaque para a região Norte (de 14,2% para 12,5%) e Centro-Oeste (de 12,0% para 10,6%). As outras taxas foram: Nordeste (de 16,3% para 15,8%), Sudeste (de 14,2% para 13,6%) e Sul (de 9,3% para 8,4%). Pernambuco (18,8%) e Alagoas (17,8%) registraram as maiores taxas de desocupação no segundo trimestre. As menores foram registradas em Santa Catarina (7,5%), Rio Grande do Sul (8,4%) e Mato Grosso (8,6%).

Desemprego atinge mais jovens, negros e mulheres

Enquanto o desemprego para toda a população ativa está em 13%, a taxa chega a 43% para adolescentes de 14 a 17 anos e a 27,3% para os jovens de 18 a 24 anos.O grau de instrução também determinante para as chances de obter um emprego. A taxa de desocupação para pessoas com ensino médio incompleto é 21,8%. Para o grupo de pessoas com nível superior incompleto, a taxa foi estimada em 14%, mais que o dobro da verificada para aqueles com nível superior completo, 6,4%.

Desagregada por cor ou raça, a taxa de desocupação fica abaixo da média – 10,3% – para as pessoas que se declaram brancas, enquanto está em 15,8% para os que se declaram pretos e 15,1% para os pardos, de acordo com as classificações do IBGE.

Diferente do que foi observado para as pessoas ocupadas, o percentual de mulheres (50,8%) na população desocupada foi superior ao de homens (49,2%), no segundo trimestre de 2017. Em quase todas as regiões, o percentual de mulheres na população desocupada era superior ao de homens, com exceção do Nordeste, na qual este percentual representava 48,2%. Na região Sul, o percentual das mulheres foi o maior, elas representavam 53% das pessoas desocupadas.

Entre as pessoas ocupadas, há predominância de homens (56,6%). Este fato foi confirmado em todas as regiões, sobretudo na Norte, onde os homens representavam 60,4% dos trabalhadores no segundo trimestre de 2017. Ao longo da série histórica da pesquisa, este quadro não se alterou significativamente em nenhuma região.

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