Economia

Justiça condena Paulo Guedes a pagar 50 mil reais por comparar servidores a ‘parasitas’

Dias depois de palestra na FGV, o ministro pediu desculpas pelas declarações

MINISTRO DA ECONOMIA, PAULO GUEDES. FOTO: JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL
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O ministro da Economia, Paulo Guedes, foi condenado a pagar 50 mil reais ao Sindicato dos Policiais Federais da Bahia (Sindipol-BA) por danos morais. Em fevereiro, Guedes comparou funcionários públicos a ‘parasitas’ durante uma palestra na Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo.

“O hospedeiro está morrendo, o cara virou um parasita, o dinheiro não chega no povo e ele quer aumento automático”, disse na oportunidade. O ministro ainda pediu que eles [funcionários públicos] “não assaltem o Brasil, quando o gigante está de joelhos e eles em casa com geladeira cheia”.

Na ocasião, Guedes criticou o reajuste anual dos salários dos servidores que, de acordo com ele, já tinham como privilégio a estabilidade no emprego e uma “aposentadoria generosa”.

A decisão de condenar Guedes foi da juíza Cláudia da Costa Tourinho Scarpa, da 4ª Vara Federal Cível da Seção Judiciária da Bahia. “Na situação em epígrafe, o Ministro de Estado da Economia, no exercício do seu direito à liberdade de expressão, insultou os servidores públicos. Ele os comparou a ‘parasitas’, pediu que eles ‘não assaltem o Brasil, quando o gigante está de joelhos’ e afirmou que eles ficam em casa ‘com geladeira cheia’. Tais acontecimentos foram amplamente noticiados pela imprensa. Logo, são fatos notórios (…) Ademais, o exercício do direito à liberdade de expressão do réu PAULO GUEDES excedeu barbaramente os limites impostos pela finalidade econômica e social de um pronunciamento de Ministro de Estado, pois atacou – despropositadamente – a categoria dos servidores públicos”, apontou a magistrada em sua decisão.

Dias depois de ministrar a palestra na FGV, Guedes pediu desculpas por suas declarações. Em comunicado enviado à imprensa, ele afirmou que sua fala foi tirada de contexto e se referia a estados e municípios em casos extremos. “Eu me expressei muito mal e peço desculpas não só a meus queridos familiares e amigos mas a todos os exemplares funcionários públicos a quem descuidadamente eu possa ter ofendido”, ressaltou.

Em nota, a Advocacia-Geral da União afirmou que vai apresentar o recurso cabível à decisão da Justiça da Bahia.

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