Economia

Lula reúne ministros nesta quarta para tratar de alta do dólar e contas do governo

Ante a escalada da moeda americana, Fernando Haddad defendeu ‘acertar a comunicação’ sobre a autonomia do BC e o arcabouço fiscal

Acerto. Haddad e Lula mantêm o compromisso com a sustentabilidade da dívida. Os juros do Banco Central são o maior entrave a esse esforço – Imagem: Marcos Oliveira/Ag. Senado
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O presidente Lula (PT) se reunirá nesta quarta-feira 3 com integrantes da área econômica para tratar das contas do governo, em meio à alta do dólar e à pressão de setores do mercado por um corte de gastos.

Participarão do encontro, agendado para as 16h30 no Palácio do Planalto, os ministros Fenando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento), Rui Costa (Casa Civil) e Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos).

Também estarão na reunião o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan (número 2 de Haddad), e o secretário especial de Análise Governamental da Casa Civil, Bruno Moretti.

No início da tarde desta terça, Haddad afirmou que o encontro será “exclusivamente sobre agenda fiscal”. A jornalistas, o ministro também teve de debelar rumores sobre a chance de o governo adotar medidas para, por exemplo, controlar capital na saída de dólares do Brasil.

Diante dos boatos, Haddad disse na portaria da Fazenda não estar em pauta uma mudança no IOF sobre as operações de câmbio. Após bater 5,70 reais na máxima do pregão desta terça, o dólar fechou o dia com alta de 0,22%, cotado a 5,66 reais.

Questionado sobre as medidas para tentar conter o aumento do dólar, o ministro defendeu “acertar a comunicação, tanto em relação à autonomia do Banco Central quanto em relação ao arcabouço fiscal”.

Horas antes, em entrevista à Rádio Sociedade, de Salvador (BA), Lula admitiu se preocupar com a alta da moeda. “É uma especulação. Há um jogo de interesses, especulativo, contra o real neste País”, criticou. “Eu tenho conversado com as pessoas para ver o que a gente vai fazer. Eu estou voltando [para Brasília] quarta-feira e vou ter uma reunião. Não é normal o que está acontecendo.”

O presidente, contudo, não antecipou ações concretas relacionadas ao tema.

Também nesta terça, Lula voltou a criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por ter um “viés político” no comando da autoridade monetária. “Mas, veja, eu não posso fazer nada. Ele é presidente do BC, tem mandato, foi eleito pelo Senado, tenho que esperar acabar o mandato e indicar alguém.”

Horas depois, sem mencionar Lula, Campos Neto disse ser necessário afastar “toda essa narrativa de que o Banco Central tem sido político” e alegou realizar um trabalho “muito técnico”.

Lei Complementar 179, de 2021, conferiu “autonomia operacional” ao Banco Central. A norma fixa mandatos de quatro anos para o presidente e os diretores do banco – o mandato do presidente começa no dia 1º de janeiro do terceiro ano de governo do presidente da República.

O mais cotado a substituir Campos Neto, por indicação de Lula, é o atual diretor de Polícia Monetária do banco, Gabriel Galípolo.

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