Economia

assine e leia

Mentalidade predatória

O despreparo dos agricultores e economistas amplia o alcance da crise climática

Sinais. O Cerrado brasileiro enfrenta a maior seca em 700 anos. A “soja louca” é fruto da degradação do solo amazônico – Imagem: Pablo Porciuncula/AFP e Redes sociais
Apoie Siga-nos no

A projeção do Ministério da Fazenda de que o Plano de Transformação Ecológica, associado a reformas estruturais, pode dobrar o PIB em duas décadas, sugere uma possibilidade promissora, mas não há como antever em que medida o projeto dará conta de um dos maiores empecilhos na adaptação da economia à mudança climática: a transformação da mentalidade predominante. “A gente vive uma situação na agricultura bastante complicada, estamos no meio mais conservador do Brasil. Um trabalho recente da UFMG mostra um resultado escandaloso: 40% dos agricultores brasileiros não acreditam na mudança climática. Eles respondem por 25% do PIB e acham que não está acontecendo nada”, destacou Eduardo Assad, pesquisador de alterações do clima durante 35 anos na ­Embrapa e atual pesquisador do Observatório de Bioeconomia da FGV, durante a Primeira Conferência Nacional de Mudanças Climáticas, realizada no fim do mês passado. “Algumas coisas estão mudando, mas muito pouco em relação ao tamanho do problema.”

A insuficiência do avanço para deter o cataclismo alimenta um ceticismo até entre os cientistas, aponta pesquisa recente do jornal inglês The ­Guardian. Quase 80% dos principais especialistas climáticos do mundo preveem pelo menos 2,5 graus centígrados de aquecimento global, enquanto quase metade prevê ao menos 3 graus e apenas 6% consideraram que o limite de 1,5 grau pactuado no Acordo de Paris será cumprido, o que terá consequências catastróficas para a humanidade e para o planeta. Muitos dos cientistas, relata o Guardian, preveem um futuro “semidistópico”, com fome, conflitos e migrações em massa, impulsionados por ondas de calor, incêndios florestais, inundações e tempestades com uma intensidade e frequência muito superiores às que já ocorreram.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

 

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo