Com a ansiedade elevada pela perspectiva de substituição, em dezembro, do presidente e de parte da diretoria do Banco Central, que passaria a ter uma maioria indicada pelo presidente Lula, e de olho nas eleições municipais em outubro, uma preocupação com desdobramento no pleito presidencial de 2026, o consórcio mercado financeiro-mídia não quer nem ouvir falar de novas reduções das taxas de juro neste ano. Sensibilidade monetária à flor da pele, a turma range os dentes e emite declarações histéricas diante de qualquer flutuação da inflação, mesmo nos casos de variações mínimas, exibidas como um atestado de que a Selic não pode baixar. O truque visa distrair a atenção do público para proteger preventivamente os rendimentos generosos proporcionados pela maior taxa de juros real do mundo, instrumento principal utilizado pelo BC no combate à inflação, mesmo nas situações em que esta não é a medida adequada.
Faz parte do jogo de cartas marcadas minimizar notícias positivas sobre a economia, e nenhuma delas parece boa o suficiente para reduzir o pessimismo sob medida, inabalável, dos fazedores de dinheiro. A meta estratégica é enfraquecer o governo Lula, para aumentar as chances de escolha de um presidente do BC amigo do mercado e conquistar uma posição política o mais favorável possível para o sistema financeiro nas disputas eleitorais. Ou, no mínimo, constranger de antemão o nome mais cotado para substituir Roberto Campos Neto no comando da instituição, o economista Gabriel Galípolo, nomeado diretor de Política Monetária do banco em julho do ano passado e ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda.
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