O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira 1º que “o tal mercado” deve ter “compreensão” sobre as condições em que Lula (PT) assumiu o poder, após quatro anos de Jair Bolsonaro (PL). Segundo o responsável pela área econômica, “o mundo inteiro” celebra o fim do “pesadelo” em que se converteu a gestão do ex-capitão.
“O pesadelo deixou sequelas e vamos tratar dessas sequelas, vamos resolver as coisas”, disse Haddad em entrevista ao UOL. “Mas esse tal mercado tem de ter compreensão de que a bucha herdada não é pequena e tem de ser administrada politicamente, ambientalmente, socialmente e economicamente, mas o rumo está dado.”
Ele se comprometeu a recuperar o Orçamento em termos de despesa e receita a fim de abrir espaço para a redução da taxa básica de juros no País e retomar o crescimento econômico.
“Não é uma transição de governos democráticos. Estamos falando de uma militância raivosa nas redes disseminando mentira. O Bolsonaro agora virou campeão de gasolina barata? O homem que cobrou 10 reais por litro durante três anos e na eleição baixou o preço para ganhar, mas perdeu?”, prosseguiu. “Essa é a referência de boas práticas econômicas? É o maior trapalhão da história. O mundo inteiro acha isso.”
Na terça 28, Haddad criticou a Selic em 13,75% ao ano, peça central na ofensiva de Lula contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Ao anunciar a retomada da cobrança de tributos federais sobre a gasolina e o etanol, Haddad afirmou que a adoção das medidas se deve, também, ao fato de o BC encará-las como “condição” para iniciar um processo de redução na taxa de juros.
“As taxas de juros no Brasil estão produzindo muitos malefícios para a nossa economia. Todos nós sabemos, estamos acompanhando isso. As taxas de juros do Brasil são as mais altas do mundo e estão produzindo efeitos perversos sobre a economia”, afirmou o ministro.
O problema, segundo ele, atinge desde o acesso ao crédito até a limitação do crescimento econômico.
“As empresas, o agronegócio, o comércio, a indústria, todo o setor produtivo anseia por isso [queda dos juros]. Portanto, nós estamos dando uma resposta para o setor produtivo de que o governo vai fazer a sua parte, esperando que a autoridade monetária reaja da maneira como previsto nas atas do Banco Central.”
Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.
Já é assinante? Faça login