Economia
Os patos de sempre
Os pobres pagam a conta da crise global
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Só a elevação dos juros nos Estados Unidos neste ano levará à perda de perto de 360 bilhões de dólares da receita futura dos países em desenvolvimento (China excluída) e empurrará o mundo para uma recessão maior do que aquela de 2008, alerta a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento. Os países em desenvolvimento “queimaram” até o momento cerca de 379 bilhões de dólares em reservas para sustentar suas moedas, quase o dobro dos novos direitos especiais de saque recentemente alocados pelo Fundo Monetário Internacional. Também sofreram significativa fuga de capitais, de modo que os fluxos líquidos se tornaram negativos desde o último trimestre de 2021. Ou seja, os países em desenvolvimento têm financiado os desenvolvidos. “O verdadeiro problema enfrentado pelos formuladores de políticas não é uma crise de inflação causada por muito dinheiro para poucos bens, mas uma crise de distribuição, com muitas empresas a pagar dividendos bem altos, muitos indivíduos sobrevivendo com o salário mês a mês e muitos governos sobrevivendo com cada pagamento de títulos”, afirmou Richard Kozul-Wright, chefe da equipe que elaborou o relatório.
Imagem: Sam Barnes/WebSummit
(DES)CREDIT SUISSE
Imagem: iStockphoto
Com a perda de metade do valor de mercado neste ano, o Credit Suisse enfrenta uma crise de confiança tão grave que passou a ser comparado ao Lehman Brothers, pivô da debacle financeira de 2008. Há poucos meses, o banco anunciou um corte de custos de 1,5 bilhão de francos suíços (1,52 bilhão de dólares), mas analistas estimam que poderá precisar de uma capitalização de 6 bilhões de francos, muito dinheiro para quem perdeu 5,5 bilhões de dólares com a quebra da gestora Archegos e 10 bilhões com o escândalo da Greensill. Fora problemas com a Justiça, como lavagem de dinheiro para narcotraficantes búlgaros.
OPEN
Clientes do Bradesco começaram a ser habilitados a fazer transferência por meio do Pix com a opção de debitar o valor da transação de sua conta Bradesco ou de qualquer outro banco em que também seja correntista. É o primeiro banco a oferecer a funcionalidade para crédito a destinatário em qualquer instituição financeira, como iniciador de pagamentos. “A novidade é mais um atrativo que incentiva a adesão ao Open Finance”, destaca Antonio Daissuke, Diretor de Conta Corrente e Cash Management do Bradesco.
SOL
O Brasil passou líderes históricos na criação de empregos no setor de energia solar fotovoltaica, como Alemanha, Austrália e o Reino Unido. Obteve a sexta posição no mundo, em 2021, segundo relatório da Agência Internacional de Energia Renovável. O setor de energia renovável gerou 12,7 milhões de empregos no mundo, principalmente a solar, responsável por mais de 4,2 milhões de postos de trabalho, ou um terço do total. Quase dois terços desses empregos se encontram na Ásia. Somente a China representa 42%, seguida pela União Europeia e o Brasil, com 10%. EUA e Índia têm 7% cada. Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, o País registrou, desde 2012 até o começo de setembro deste ano, a criação de mais de 570,1 mil empregos no setor.
FUGA
Nunca tantos sacaram tanto da poupança em tão pouco tempo como nos últimos meses, informa o Valor Econômico. Até o dia 28 de setembro, os resgates marcaram o recorde de 133,6 bilhões de reais, desde que o saldo dos depósitos bateu o pico de 1,05 trilhão, em 6 de agosto de 2021. Os saques equivalem a 12,7% sobre o saldo de depósitos no início do período e os rendimentos creditados às contas somaram 68,3 bilhões, o equivalente a 6,5% do saldo dos depósitos. Ainda assim, houve queda recorde de 6,3% do montante depositado, somando captação e rendimentos, na caderneta nesses 14 meses.
PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1229 DE CARTACAPITAL, EM 12 DE OUTUBRO DE 2022.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título “Os patos de sempre”
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