Economia

Senadores dos EUA pedem a Biden que apoie o Brasil na taxação dos super-ricos

Na presidência rotativa do G20, o Brasil deseja que detentores de grandes fortunas paguem impostos equivalentes a pelo menos 2% de sua riqueza

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Foto: Diogo Zacarias/MF
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Dezoito senadores americanos pediram que o presidente Joe Biden apoie a iniciativa do Brasil de cobrar um imposto mínimo global aos super-ricos.

Na presidência rotativa do G20, o Brasil quer que detentores de grandes fortunas paguem impostos equivalentes a pelo menos 2% de sua riqueza.

“Garantir que os bilionários paguem sua parte justa dos impostos e estabelecer padrões mínimos globais em todos os países permitirá aos Estados Unidos e a outros países arrecadarem bilhões de dólares para atender necessidades prementes”, declararam, por meio de nota, nesta quarta-feira 12, Joseph Stiglitz e Jayati Ghosh, co-presidentes da Comissão Independente para a Reforma do Sistema Internacional de Tributação de Corporações.

Esse valor poderia ser destinado para o combate às pandemias, às mudanças climáticas e à desigualdade, afirmam. Além disso, seria uma “oportunidade histórica” para fomentar a justiça fiscal, acrescentam os senadores, entre os quais está o independente de esquerda Bernie Sanders, em carta enviada a Biden na terça-feira.

“Acreditamos que a iniciativa brasileira do G20 é de interesse estratégico para os Estados Unidos”, declararam os políticos, que pedem que os EUA se somem a outros países para alcançar “um acordo histórico que garanta uma economia americana e global mais equitativa”.

Os especialistas estimam que, globalmente, os super-ricos paguem cerca de 0,5% de sua riqueza estimada em impostos.

Durante a década de 1960 nos Estados Unidos, os 400 americanos mais ricos do país pagavam mais da metade de seus rendimentos em impostos, mas atualmente têm uma taxa média de impostos de apenas 8%, inferior à da classe trabalhadora, apontam Stiglitz e Ghosh.

Em março, a Casa Branca anunciou que Biden pretende realizar reformas para que “os americanos mais ricos paguem sua parte justa” em tributos, ou seja, “ao menos 25% de seus rendimentos”.

O Brasil estima que taxar os super-ricos em nível mundial permitiria financiar o combate às mudanças climáticas e a pobreza em países de renda baixa ou média, um dos principais objetivos do presidente Lula durante a presidência do G20.

Até o momento a iniciativa conseguiu o apoio de diversos países, como a Espanha.

A proposta, concentrada nas pessoas físicas, é inspirada nos avanços obtidos após o acordo alcançado em 2021 por mais de 130 países sobre um marco global para a tributação das empresas.

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