Economia
Voo de galinha
A retomada da economia é animadora, mas o desenvolvimento impõe maior investimento público
O anúncio de centenas de bilhões de reais em investimentos e a melhora dos indicadores de confiança empresarial marcam uma inversão total de expectativas na comparação com o ambiente depressivo do governo anterior, marcado por austeridade radical e profunda inépcia na gestão econômica. O movimento não é, porém, suficiente para recolocar o País nos trilhos do desenvolvimento, alertam especialistas. O problema principal é o cerceamento do investimento público, iniciador histórico dos processos de desenvolvimento, pelo garrote do sistema financeiro e do rentismo, manejado pelo Centrão sob comando do deputado Arthur Lira.
Bilhões estão sendo mobilizados para movimentar a economia. A Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base, conhecida pela sigla Abdib, anunciou na quarta-feira 7 que os investimentos em infraestrutura, exceto no setor de óleo e gás, deverão atingir o valor recorde de 235 bilhões de reais neste ano, sendo 80% do setor privado. O novo PAC prevê 1,7 trilhão de reais, sendo 1,3 trilhão até 2026. A Nova Política Industrial contará com recursos de 300 bilhões e a indústria automobilística programou investimentos de 41,4 bilhões até 2032. Os investimentos em descarbonização deverão totalizar 400 bilhões anuais, segundo estimativas da consultoria McKinsey. A indústria do plástico projeta investimento de 42,3 bilhões em quatro anos.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.